Fonte: Jornal Estado de Minas
O cineasta Marcelo Gomes nunca teve uma barba tão grande. O visual é próprio de quem, nos últimos 15 dias, se embrenhou pelas matas na região de Diamantina para contar a história de outro barbudo famoso: Tiradentes. Ou melhor, Joaquim José da Silva Xavier. “Já posso ganhar o green card mineiro”, brinca o diretor pernambucano. O pedido procede.
O primeiro longa da carreira de Marcelo ('Cinema, aspirinas e urubus', de 2005) começa ao som de Serra da Boa Esperança, canção de Lamartine Babo dedicada à cidade de Boa Esperança, no Sul do estado. O filme foi montado em Belo Horizonte por Karen Harley. 'O homem das multidões' (2013), seu trabalho mais recente – parceria com o mineiro Cao Guimarães –, foi rodado e montado na capital. Agora chegou a vez de 'Joaquim', o quinto longa da carreira de Gomes e terceiro com ligações mineiras.
Que não se espere de Marcelo Gomes didatismos sobre o mártir da Inconfidência Mineira. “O filme não é um livro de história, mas ficção que imaginei a partir de uma inspiração histórica”, esclarece. 'Joaquim', que só deve chegar aos cinemas em 2017, é protagonizado pelo ator Júlio Machado. O elenco conta também com integrantes do Grupo Galpão – Antônio Edson, Chico Pelúcio, Eduardo Moreira e Paulo André –, além de portugueses e moradores de Diamantina.
O projeto nasceu há sete anos, quando Marcelo foi procurado por um produtor espanhol à frente de uma série audiovisual para comemorar a independência de países latino-americanos. De cara, o brasileiro avisou: só toparia se tivesse liberdade total, pois não lhe interessava reforçar o mito. O desafio era descobrir o homem – o Joaquim, simplesmente. “Seria a construção da consciência política desse personagem, mas imaginando onde pulsava o coração dele”, conta. A Espanha enfrentou dificuldades financeiras e o planejamento inicial foi para o brejo, mas o diretor decidiu levar o projeto adiante.
Ao voltar para Belo Horizonte depois de passar duas semanas no set, Marcelo Gomes exibia um sorriso feliz por concretizar o que imaginou durante tanto tempo. “Diamantina foi uma maravilha. Fiquei encantado com a cidade, a geografia e a arquitetura. Aquela tranquilidade foi muito boa para o processo de imersão da equipe”, conta.
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