segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

H2O, um álibi

Autor: Antenor José Figueiró - antenor.figueiro@ig.com.br

Nestes últimos dias a água tem absorvido a maior parte do noticiário, sufocando qualquer outro problema, pequeno ou grande, nacional ou internacional.
O interessante é que foi por dias a fio, o mesmo discurso: não tem água, o problema é a falta de chuva, a culpa é do cidadão que não sabe utilizar bem a dádiva da vida-água, o carnaval pelo Brasil a fora está sendo cancelado ou corre sérios riscos por falta d’água, lavouras já estão perdidas.
Depois de exaustivo esgotamento da paciência em torno deste blá-blá-blá, começam a surgir possibilidades para solucionar ou amenizar esta situação, “claro que o ideal seria a solução definitiva, mas há uma emergência”.
Muitas têm sido as críticas de especialistas (profissionais com alto nível de formação, mas não políticos, não confiáveis) em torno destas soluções mirabolantes, com o intuito de alertar para possível beneficiamento de políticos ou empresas.
Vejamos o caso de São Paulo: o atual governador inaugura seu quarto mandato, acredito que teve tempo suficiente para evitar esta situação, o que foi feito, o que não foi feito, onde está ou o que significa a probidade administrativa? Hoje, este mesmo governo, em parceria com o governo federal, elabora um projeto orçado em 830 milhões de reais para ter sua conclusão em dezoito meses. Agora, como fica ou como vai ser neste período de dezoito meses: dois dias por semana com água e cinco sem.
Tenho sido repetitivo, mas já algum tempo a política não tem sido exercida segundo um projeto político e sim com um programa de campanha, vencendo o melhor marqueteiro e se sustentando com as manobras interesseiras da mídia, clãs políticos ou empresariais.
Contamos com uma infinidade de órgãos, conselhos, ONGS, institutos, etc. que no fundo, bem lá no fundo são apenas para empurrar gentilmente o cidadão comum a dobrar a próxima esquina. Todo ser humano tem seu lado mal, mas este cidadão comum, mesmo em conjunto com toda humanidade, tem seu poder de destruição limitado, ele não contem em sua estrutura física a voracidade de um garimpo, minerioduto, carvoeira ou mesmo da produção de toneladas de alimentos.
Em 2014 por diversos momentos critiquei a distribuição de caixas d’água pelo governo federal para nossas comunidades rurais, é lógico que foram deturpadas intencionalmente, é a energia necessária para alimentar um sistema perverso. Minhas críticas consistem em: Cada casa de cada comunidade já possui uma caixa d’água de 500 ou 1000 lts. Estas caixas do governo (16000 lts) são para capitação de água de chuva numa região com pouco volume de chuva, o problema da nossa região não é falta d’água e sim rede de capitação e transmissão até as comunidades. Agora vamos falar de cifras, ou melhor, apenas especular: o preço de cada uma destas caixas, o transporte destas para um único lugar (quartel-general), lembrando que cada caminhão comporta apenas cinco caixas d’água, depois o custo de distribuição para cada casa em cada comunidade, a fixação das mesmas, alimentação, transporte e salários dos envolvidos nesta logística.
Claro que o objetivo das críticas desse meu posicionamento era e foi conquistado, o de não me permitir conseguir 8000 mts de cano para capitar água do Tamboril e levá-la para as comunidades do Capoeirão, Gordura, Grissort, Barreira Vermelha, 10000 mts de cano para as Braúnas, 6000 mts para Baixadão, 4000 mts para Desembargador Otoni (lá já possui a COPANOR, mas uma parte não está incluída), 2000mts para a Estiva,7000 para Pedraria e9000 para Riacho da Porta. É fascinante pensar na possibilidade de aparar a água no final da rede, pois todas elas têm manutenção barata (vão por gravidade), um pouco de independência para nossos conterrâneos e estaria no curso contrário a do Pau de Frutas, pois este por décadas sem ampliação e manutenção passou a ser alimentado depois de muitos quilômetros pelo bombeamento de água do rio Pardinho.
Desperta diamantina! Para que esta seja a hora.  

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