Diamantina, localizada na Região Central do estado de Minas Gerais, inspira notas musicais. Não é apenas nas ruas e praças da cidade que a musicalidade está presente. Serestas, vesperatas, bartucadas, festivais e até os badalos dos sinos das igrejas históricas compõem a trilha sonora da cidade de Juscelino Kubitschek, conhecido também como “presidente bossa nova”. Ah... se as paredes pudessem reproduzir os diversos sons que já testemunharam!
João Gilberto, o “pai da bossa nova”, treinava as batidas e melodias do ritmo em um banheiro, que era também o seu estúdio. De acordo com relatos, tudo começou nesse lavabo, que era de um sobrado em Diamantina na década de 50. A acústica do cubo de 2,30 metros de aresta permitia a João escutar e exercitar a batida da bossa nova - ritmo que ganhou o mundo em 1959, com o estouro do disco Chega de Saudade.
A grande vocação de Diamantina para música está diretamente ligada aos artistas locais, sejam eles artesãos, músicos, escritores ou pintores. Quando o assunto é cultura, Diamantina mostra os seus valores. Hoje a cidade é tradicionalmente palco de grandes eventos na área da música como as Vesperatas, o Festival de Inverno, as Serestas, o Carnaval entre outros. O Conservatório Estadual de Música Lobo de Mesquita, por exemplo, atinge a cifra invejável de 1700 alunos.
Foi pensando em aflorar ainda mais esse clima musical de Diamantina que os empresários Márcia Ribeiro e Gegê Lara, da Nó de Rosa Produções, decidiram fazer o Festival de Jazz em Diamantina. “Fomos convidados por um amigo de Diamantina para contribuir com a ideia dele de realizar o festival na cidade dos diamantes. Achamos sensacional! Estamos levando grandes nomes do Jazz como o músico Toninho Horta, reconhecido internacionalmente, que está fazendo toda a curadoria do festival”, explica Gegê Lara, produtor e idealizador do festival.
O produtor acrescenta ainda que a intenção é que o evento cresça nas próximas edições. “Esperamos tornar o festival anual e com atrações internacionais. A ideia é que ele entre no calendário de eventos da cidade. Isso vai ser muito bom tanto para o turismo quanto para aqueles que adoram um bom Jazz”, comemora Gegê.
Diamantina
Terra de história, cultura, música e natureza, o que não falta em Diamantina são atrações para os visitantes. Para aqueles que não conhecem as ladeiras de Diamantina, aqui estão alguns motivos que levou a cidade a ganhar o título de Patrimônio Cultural da Humanidade.Localizada na borda do Espinhaço, praticamente dividindo as bacias do rio São Francisco e do rio Jequitinhonha, guarda um pedaço da história do Brasil escondida em suas ruas, na arquitetura do casario e na lembrança de quem vive ali.
Além dos museus, bibliotecas e igrejas que retratam a história política, a religiosidade e a vida cotidiana de seu povo, um item que chama a atenção de quem visita Diamantina é o Passadiço da Glória. A construção atrai curiosos do mundo inteiro. Os turistas ainda podem curtir o município explorando o Museu do Diamante, a Casa de Juscelino Kubitschek, a Casa de Chica da Silva, o Mercado Municipal, o Garimpo Real, as maravilhosas cachoeiras da Sentinela, das Fadas, do Mendanha e dos Cristais. A região é repleta de grutas, sendo a do Salitre a de maior destaque.
Além disso, é reconhecida pela excelente cachacinha, deliciosa culinária e ótima hospitalidade, com uma rede grande de pousadas e hotéis.
Artistas participantes
Toninho Horta – é um compositor, arranjador, produtor musical e guitarrista brasileiro. Toninho compôs sua primeira canção aos 13 anos. Em 1967 participou do 2º Festival Internacional da Canção; e em 1969, do 4º Festival Internacional da Canção. No Rio de Janeiro, em 1970, passou a integrar o grupo A Tribo, juntamente com a cantora Joyce, Nelson Ângelo, Novelli e Naná Vasconcelos. Nesta mesma época passou a tocar com Elis Regina e participou das gravações do álbum Clube da Esquina, junto de Milton Nascimento. Com o seu trabalho já reconhecido nacionalmente, passou a integrar as bandas de Edu Lobo, Gal Costa, Maria Bethânia e Nana Caymmi. Reconhecido por músicos estrangeiros, como Pat Metheny, sofreu enorme influência de sua música. Em 1989, com Diamond Land, conquistou o mercado norte-americano, mudando-se para Nova Iorque.
Arismar do Espírito Santo e Robertinho Brant – músicos da banda que acompanham Toninho Horta. O paulista Arismar é multi-instrumentista e um dos dez melhores guitarristas do país, segundo a revista Guitar Player. O mineiro Robertinho, sobrinho de Fernando Brant, é compositor, produtor musical e arranjador.
Nivaldo Ornelas (convidado especial) – saxofonista que irá se apresentar também com Toninho Horta. Nivaldo, mineiro de Belo Horizonte, é também flautista e arranjador. Foi fundador do “Clube Berimbau”, em 1964, casa que terminaria sendo o ponto de encontro dos músicos que comporiam o antológico Clube da Esquina.
Beto Lopes - mineiro de Pitangui, começou a tocar cavaquinho e violão aos cinco anos de idade. Aos 18 anos, começou a tocar profissionalmente e conheceu os músicos que formavam o Clube da Esquina. Desde 1986, como guitarrista se apresentava ao lado de músicos brasileiros como Hermeto Pascoal, Nivaldo Ornelas, Beto Guedes, Lô Borges, Toninho Horta, Tavinho Moura, Milton Nascimento e Fernando Brant. No Heineken Concerts, tocou ao lado de Lô Borges, Andy Summers, Milton Nascimento e Uakti. Em 1996 viajou pelos EUA em turnê com Lô Borges e em 2003 foi um dos quatro vencedores do III Prêmio BDMG - Instrumental.
Juarez Moreira - autodidata, começou a tocar violão aos 12 anos. Violonista, guitarrista, compositor e arranjador, Juarez é reconhecido como um dos maiores talentos do violão brasileiro. Apresentou-se ao lado de grandes nomes da música brasileira como Egberto Gismonti, Ivan Lins, Milton Nascimento, Yamandu Costa, Naná Vasconcelos, Wagner Tiso, Toninho Horta, Maria Bethânia e Gal Costa. Nos últimos anos, realizou inúmeras apresentações em diversos países como Estados Unidos, França, Venezuela, Portugal, Itália, Suíça, Finlândia, Argentina, Venezuela e teatros como Lincoln Center (NY).
Rio Jazz Orquestra – é a big band jazzística de maior de destaque e tradição no Brasil. Com direção de Claudio Infante e Taryn, a Rio Jazz Orquestra, comemorando 40 anos de carreira. A banda toca o melhor do jazz, blues, MPB, americana e instrumental.
Gabriel Grossi (convidado especial) - apesar de jovem, Gabriel tem uma trajetória extensa. Além de carreira solo, o artista é integrante do Hamilton de Holanda Quinteto, conjunto vencedor do prêmio Tim 2007 e finalista do Grammy Latino por três vezes consecutivas. Gabriel foi parceiro frequente do consagrado clarinetista Paulo Moura, com quem atuou de 2003 até seu falecimento. No ano de 2004, também gravou CD e DVD com as cantoras Zélia Duncan e Beth Carvalho.
Gilvan de Oliveira - é violonista, cantor, compositor, arranjador e produtor musical brasileiro. Durante sua trajetória trabalhou com os principais artistas mineiros: Milton Nascimento, Paulinho Pedra Azul, Tavinho Moura e outros.
Rogério Leonel - é violonista, compositor e arranjador. Tem registrado seu trabalho ao lado de vários artistas e grupos mineiros, entre eles Titane, Ladson do Nascimento, dos grupos Tom Sobre Tom e Da Boca pra Fora. Lecionou na Escola Livre de Música de Minas de Milton Nascimento e Wagner Tiso e na Orquestra de Violões do Colégio Estadual Milton Campos. Ele foi definido pelo violonista e compositor Guinga, como "uma maravilha que o Brasil deveria conhecer".
Lígia Jacques - desde que apareceu no cenário musical, em fins da década de 70, se dedica a interpretar compositores já consagrados como Tom Jobim, Chico Buarque, Dori Caymmi, Pixinguinha, dentre outros. Participou de mais de 20 discos de outros artistas, entre eles, Marcus Viana, Ladston do Nascimento, Rubinho do Vale, Titi Walter e Célio Balona. Além de realizar incontáveis shows como solista, participou de concertos e shows de músicos de renome como Clara Sverner, Guinga e Francis Hime.
Chico Amaral - é responsável por muitos sucessos da banda mineira Skank, integrada por Samuel Rosa, Lelo Zaneti, Henrique Portugal e Haroldo Ferreti. Chico Amaral compôs junto a Samuel Rosa muitas canções, dentre elas Vou deixar, Tão seu, Pacato cidadão, Acima do sol e Canção Noturna. Também tem parcerias com Lô Borges, Ed Motta, Milton Nascimento, Beto Guedes, Erasmo Carlos, Totonho Villeroy e outros. Em 2005 compôs a trilha sonora do CD Identidades para o Grupo Corpo, no projeto Corpo Cidadão, e produziu o albúm Aquele Verbo Agora, do artista Vander Lee.
Kiko Continentino (convidado especial) - é instrumentista, arranjador e produtor musical. Filho do pianista Mauro Continentino e irmão dos músicos Jorge Continentino e Alberto Continentino, o artista começou seu aprendizado de piano aos nove anos de idade com seu pai.
Brascubazz - o show do grupo Brascubazz remonta os bons tempos de Havana Velha, onde as Descargas Cubanas se tornaram ícone maior da expressão do Jazz na ilha de Fidel Castro. Os clássicos temas do Latinjazz são incorporados às matrizes da música popular brasileira, evidenciando a semelhança na tradição popular de Brasil e Cuba. Composições autorais e releituras de clássicos de Chucho Valdes, Paquito D’Rivera, Toninho Horta e Eduardo Neves trazem à sonoridade uma característica rítmica, harmônica e melódica singular e de muita força.
Wander Conceição – músico e escritor diamantinense. Fará palestra musical sobre a importância da influência cultural mineira para o surgimento da Bossa Nova.
Fernando Sodré – violonista brasileiro que já tocou com Hamilton de Holanda, Toninho Horta, Almir Sater, entre outros. Com músicas autorais e releituras para clássicos de Tom Jobim, Edu Lobo, Garoto e João Pernambuco, o músico apresentará o melhor do seu estilo: “salsa-funk-bossa-rumba-jazz.”
Vesperata – tradicional apresentação musical da cidade, com orquestras de músicos espalhados nas janelas e sacadas de casarões antigos da rua da Quitanda. Cada show reúne mais de mil pessoas.
Rudi Berger – violinista e compositor de jazz austríaco. Foi solista por três anos da "Vienna Art Orchestra", de Nova York. Fará apresentação junto com o Trio de Guitarras.
Trio de Guitarras – A banda é composta pelos músicos Felipe Vilas Boas, Mateus Barbosa, Marcos Garcia, Felipe Fantone e Arthur Rezende. Dentre os artistas destacamos Felipe Vilas Boas que produziu e arranjou o disco “East”, de Túlio Araújo, em 2013. O disco foi lançado no New York Savassi Jazz Festival, em setembro de 2014. Em 2015, o artista participou do programa Betty Carter's Jazz Ahead, em Washington. Em 2015 e 2016, o guitarrista recebeu o prêmio de melhor instrumentista, pelo concurso BDMG Instrumental, um dos mais importantes de música instrumental de Minas Gerais e do Brasil.
Kléber Alves - é saxofonista, compositor e arranjador, que construiu uma carreira sólida, com uma mistura criativa de jazz e mpb. Ele é autor de composições ricas e originais. O artista é mestre em jazz e música popular pela Universidade de Música de Stuttgart/Alemanha (1989/1998).
Programação Diamantina Jazz Festival | |||
Data | Horário | Atração | Local |
Quinta (28 de julho) | 19h | Toninho Horta, Beto Lopes e Gilvan de Oliveira | Casa de Juscelino / Bar do Nonô |
Sexta (29 de julho) | 17h | Gilvan de Oliveira & Ivan Vilela | Teatro Santa Izabel |
19h10 às 20h20 | Juarez Moreira Trio convida Cleber Alves | Praça do Mercado | |
20h40 às 22h | Cape Horn - Toninho, Arismar do Espírito Santo e Robertinho Silva convidam Nivaldo Ornelas | Praça do Mercado | |
22h30 | Rio Jazz Orquestra - convidado especial Gabriel Grossi | Praça do Mercado | |
Sábado (30 de julho) | 17h | Wander Conceição (palestra musical) – A influência da cultura de Minas e de Diamantina para o surgimento da Bossa | Teatro Santa Izabel |
18h | Vesperata | Largo do Bonfim | |
18h30 | Fernando Sodré, Rogério Leonel & Lígia Jaques | Teatro Santa Izabel | |
19h10 às 20h20 | Trio de Guitarras convida Rudi Berger | Praça do Mercado | |
20h40 às 22h | Quarteto Chico Amaral - convidado especial Kiko Continentino | Praça do Mercado | |
22h30 | Brascubazz | Praça do Mercado |
Serviço:1ª edição do Festival de Jazz de Diamantina
Datas: de 28 a 30 de julho
Horários: das 17h às 22h30
Classificação: livre
Entrada: gratuita
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