O século XIX, especialmente a segunda metade, é caracterizado, entre outros aspectos, pela criação musical brasileira nascida do encontro dos gêneros importados, como a polca e a valsa, com ritmos praticados no Brasil, notadamente os africanos. Essa criação brasileira toma vulto com as bandas de música, que executavam um repertório próprio, vasto e rico. O movimento de transformação dos gêneros europeus gera, no fim do século, o que veio a ser conhecido como choro. A produção musical nesses moldes, levada a cabo pelas bandas de música, foi responsável pela disseminação dos gêneros europeus transformados. Os músicos que atuavam em bandas possuíam habilidades de leitura e de escrita nas notações musicais formais, deixando registrada boa parte daquela produção. Muitas dessas partituras produzidas encontram-se ameaçadas de esquecimento, e outras estão irremediavelmente perdidas. O estudo do repertório do acervo em Diamantina tem como objetivo compreender a prática do choro naquela cidade, no final do século XIX e no início do século XX e conhecer os músicos e os compositores daquela época por meio de pesquisa do repertório escrito para bandas de música e documentos disponíveis em bibliotecas e bandas da cidade. Há uma importância histórico-musical na investigação desse repertório, para maior conhecimento da música e do choro em Minas Gerais, além de possibilitar um estudo da vivência musical durante a urbanização de Diamantina. O trabalho de resgate e catalogação desse material, o estudo aprofundado das suas origens e as possíveis ligações com o choro podem juntar-se ao material já existente sobre a música brasileira, aumentando o acervo de informações disponíveis sobre o tema e facilitando futuras pesquisas.
Autor: Alaécio Geraldo Martins de Souza
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