Fonte: Jornal Farol das Gerais, publicado no Blog do Banu
Encontro Indígena de Jequitinhonha em homenagem ao príncipe Maximiliano e ao borun Kuêk
Para os festejos do seu Bicentenário, nos dias 13,14 e 15 de maio, a cidade de Jequitinhonha, no Baixo Jequitinhonha, nordeste de Minas, realizou seu terceiro Encontro Indígena.
Para festejar a data, a Prefeitura pediu, e a Alemanha concedeu, a restituição dos restos mortais do borun (botocudo) Kuêk, amigo do naturalista alemão Príncipe Maximiliano de Wied e falecido no Palácio de Wied-Neuwied.
Maximiliano de Wied foi o precursor dos estudos etnográficos no Brasil, grande amigo das tribos do sertão de Minas e do sul da Bahia (“Viagem às Províncias do Brasil, 1815/1817”).
Das diversas nações indígenas de Minas Gerais, remanescentes das outrora visitadas pelo Príncipe e que viviam na Mata Atlântica ao longo do Rio Jequitinhonha, cinco estiveram presentes, como a Aranã, Krenak (Botocudo), Maxakali, Mucurin, Pankararu e Pataxó.
Conferências, debates e a presença da Alemanha
O Cônsul-Geral da Alemanha, Dr. Michael Worbs, fez na ocasião uma visita oficial à cidade e entregou pessoalmente a relíquia do borun Kuêk ao Prefeito de Jequitinhonha, Roberto Botelho, e em seguida para o líder da nação Krenak, com o acompanhamento da Guarda de Honrras do TG “Leão do Vale”.
Christina Rostworowsky, historiadora de São Paulo, fez conferência sobre Maximiliano e a imagem romantizada dos nossos índios que ele ajudou a projetar na Europa.
A pedagoga Geralda Soares, de Araçuaí, falou sobre a forçada transumância indígena pelos “sertões do leste” -Vales do Jequitinhonha, Mucuri e Rio Doce - ao longo dos século XIX e XX.
Houve durante as conferências e debates intervenções do Professor Karl Schilling, diretor do Museu de Anatomia da Universidade Friedrichs-Wihelms-Bonn, onde ficou exposto o crânio de Kuêk praticamente desde a sua morte, em 1833.
Ao final da cerimônia, houve o descerramento das placas comemorativas do evento e das placas da Alamedas Borun Kuêk e do Mirante Príncipe Maximiliano.
Concerto da Banda de Música da PM de Teófilo Otoni, em frente à aprazível orla do rio Jequitinhonha.
O índio Kuek e um colonizador
Maximiliano teria levado Kuêk para a Alemanha provavelmente para livrá-lo da escravidão nas mãos dos portugueses ou da hostilidade de sua própria tribo por ser aculturado. No entanto, Kuêk não escapou de servir como objeto de experiência nas universidades alemãs (os indígenas da América do Sul seriam “o elo perdido entre o homem e o macaco”) e, não obstante a amizade que lhe dedicava o Príncipe, num quase suicídio entregou-se ao álcool para mitigar sua nostalgia das brenhas do Jequitinhonha.
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