Fonte: Jornal O Tempo (clique aqui)
Desde 2004, o projeto Foto em Pauta vem discutindo a produção fotográfica no Brasil e no mundo por meio de encontros com profissionais da área. A edição que acontece hoje, no Oi Futuro, porém, sedia também o lançamento da sétima da edição da revista “Zum”, uma homenagem ao fotógrafo mineiro Assis Horta, além dos usuais debates.
A união entre as atividades surgiu quando o realizador do evento, Eugênio Sávio, convidou o editor do periódico publicado pelo Instituto Moreira Salles, Thyago Nogueira, a participar da última edição do Festival de Fotografia de Tiradentes – um desdobramento do Foto em Pauta que acontece anualmente na cidade histórica – em março deste ano. Lá, o editor teve contato direto com o trabalho do fotógrafo mineiro Assis Horta, 96, por meio da exposição “Assis Horta: A Democratização do Retrato Fotográfico Através da CLT”, cujo projeto foi vencedor XII Prêmio Marc Ferrez de Fotografia da Funarte.
Essa mostra é fruto de uma pesquisa de Guilherme Horta (apesar do sobrenome ele não é parente do homenageado). “Em 2010 ajudei a produzir uma exposição dele para o Museu do Diamante e tive registros. Eram milhares de retratos 3x4”, conta Guilherme. Interessado, ele deu continuidade à pesquisa relevando, assim, a importância de Assis Horta para a história da fotografia brasileira.
Além de fotografar diversos prédios por ser funcionário do Instituto de Patrimônio Artístico Nacional (Iphan), registrou também muitas pessoas depois que tornou-se, em 1943, obrigatório a identificação com foto na carteira de trabalho. “O trabalho dele oferece importantes interpretações, tanto históricas quanto técnicas. Mostra traços para se compreender a organização social e do trabalho naquela época. Esteticamente, nota-se um domínio grande na técnica do retrato. Vale lembrar que, naquele período, ele tinha apenas um clique para fazer os registros, pois as chapas de vidro que usavam eram caríssimas”, conta Guilherme.
Para Sávio a restrição de oportunidades de registro desenvolveu em Assis uma das características, além da habilidade com iluminação, mais importantes que ele mostra e cada vez mais rara. “Ele apresenta uma abordagem muito eficaz com as pessoas, que o faziam ficar confortáveis e seguros para fazer a foto”, diz.
Todas essas prerrogativas subsidiam a longa reportagem sobre ele na revista a ser lançada e a homenagem prestada. Na ocasião, Assis Horta estará presente autografando exemplares e conversando um pouco com o público, mas o bate-papo mesmo será orquestrado por Guilherme Horta, que até hoje mantém contato o ídolo. “Ele mora em Belo Horizonte e, volta e meia, o visito. Ele gosta de beber um vinho ou uma cachaça. Só não gosta de imagens digitais, diz que fotografia deve estar impressa, caso contrário não é uma foto”, diz.
OFFside BRAZIL. Além da homenagem, será realizado uma conversa com Sávio e Nogueira. Os dois, por suas vezes, vão falar sobre o Offside Brazil, um projeto realizado em parceria com a renomada agência Magnum durante a Copa do Mundo no qual quatro fotógrafos brasileiros se uniram a outros quatro estrangeiros para fazer registros criativos das facetas brasileiras longe dos campos.
O resultado do intercâmbio é apresentado em quase cem páginas desta edição da revista. “A publicação é uma das mais importantes da atualidade e tem trazido uma qualidade inquestionável”, conclui Sávio.
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