sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Como assim? A criação de 13º não é aumento de salário?


A má fama dos vereadores torna-se cada vez mais consensual no Brasil inteiro. A remuneração desse múnus cidadão (de outrora) é um dos ruinosos legados do golpe de 64. Até então, os vereadores davam algumas horas de um dos dias da semana por civismo, amor à cidade em que moravam, constituíam família e tocavam suas vidas. Na última legislatura, talvez enciumados com a elevação do subsídio dos secretários para R$ 6 mil, nossos edis aumentaram seu salário em 80%, dobraram o valor da discutível verba indenizatória e incharam de nove para 13 o número de cadeiras na câmara, sem nenhuma consulta popular. Se cada um dos membros dessa privilegiada casta de 56.810 vereadores ganhasse, em média, R$ 1.000,00, quase R$ 60 milhões de reais seriam necessários para liquidar mensalmente esta perdulária fatura. Em Diamantina, esta fabulosa cifra teria de ser multiplicada por cinco. A esta astronômica quantia, cujo montante anual chega a alguns bilhões de reais, os parlamentares ainda somam a verba indenizatória sem prestar contas, ou quando muito, valendo-se de suspeitíssimas notas fiscais de combustível e outros embustes.
Não pretendia voltar ao assunto nesta semana. Ao ler, porém, a Nota de Esclarecimento, assinada pelo presidente da câmara e transcrita na página seis desta edição, senti-me no dever de externar algumas considerações. A começar pela omissão de desculpas que, penso, deveriam constar do extenso documento e da dubiedade do presidente em nomear os autores da proposta da criação de mais um ônus para o município. Acuado pela intransigência da plateia, ele teve não apenas a coragem de dizer que não se lembrava de seus nomes e de que a ata da reunião já fora arquivada, como ainda - num infeliz arremate - ousou afirmar que a proposta partira da mesa diretora. Mais que um acinte, tal conivência desnudou um misto de pusilanimidade e de corporativismo. Os vereadores que votaram a favor da criação do 13º se encontravam lá. Nenhum deles, porém, teve a hombridade de levantar-se, declarar e defender sua posição. E nem foi preciso: seu presidente os livrara dessa obrigação moral.

Parte do editorial da Voz de Diamantina, edição 732, de 22/08/2015

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