sexta-feira, 6 de março de 2009

Diamantina, a Atenas do Norte.

O apelido de ATHENAS DO NORTE foi um termo arquitetado pelas elites diamantinenses na segunda metade do século XIX em clara referência ao intenso movimento e profusão da escrita e da leitura noticiada pela imprensa local. Já nos primeiros anos de império, as elites da antiga Vila do Príncipe e da recém criada Vila Diamantina ampliaram seu espaço de representação política. Do espaço restrito do “País do Serro” do século XVIII, interessava agora, no século XIX, a avastidão de todo o Norte de Minas. Até 1840, os jornais intitulavam-se refletindo os limites físicos da região: “Tribuna de Serro ou Serrano”; a partir de 1860, refletem a expansão da representação política e espacial para o norte da província como “O Jequitinhonha e o liberal do Norte”. Nessa mesma época foi fundado o Colégio Ateneu de São Vicente em clara referência ao lugar público onde os antigos gregos liam as suas obras.

Em torno da mineração constituiu-se um importante núcleo de abastecimento alimentar local, além de um expressivo setor de produção de artefatos de ferro, mobiliário, algodão e cerâmica, necessários à manutenção e expansão da atividade principal mineradora. Principalmente no Arraial do Tijuco, uma expressiva e dinâmica atividade comercial se estabeleceu. Arreios, selaria, panos finos, tecidos grossos de algodão, agasalhos para o frio, rendas, vinhos, aguardentes de cana e outros, enfim, uma variada lista de produtos podia ser encontrada no comércio do Arraial.

O conjunto formado pelo setor minerador principal, agricultura, manufaturas do ferro, madeira, cerâmica e algodão, somado a um crescente e diversificado mercado consumidor, levou o Arraial um dinamismo em que parte da população desenvolveu gosto pela leitura e o refinamento dos hábitos, semelhantes às elites européias.

Sem conseguir analisar de forma clara as mudanças que já se anunciavam, as elites diamantinenses, atordoadas pelo recente progresso material, envaideciam-se com o seu patrimônio cultural, inteligentemente construído. Afirmava o escritor Júlio Maria que “Além do progresso material, Diamantina foi sempre o berço de muitos literatos, artistas e homens de sciencia-ninho onde se emplumaram muitas águias que devassaram as mais altas regiões do saber. – Cabe-lhe pois, com verdade e justiça o glorioso epitheto de Athenas do Norte.”

Dica do Passadiço Virtual:  Athenas do Norte é também é uma delikatessen de Diamantina que oferece vinhos de ótima qualidade e com preços honestos. Vale a pena dar uma garimpada por lá.

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