Nos confins dos Gerais, dezenas de comunidades extrativistas se espalham por pradarias repletas desempre-vivas (da família Eriocaulaceae), cuja maioria das espécies é endêmica da Serra do Espinhaço. Colhida durante o ano todo, a planta é um marco da economia de subsistência no Alto Jequitinhonha. De Serro a Diamantina, cerca de três mil famílias se ajustam a uma mesma cadeia produtiva. O biólogo do Instituto Pauline Reichstul, Renato Ramos, esclarece que pelo menos 20 municípios localizados entre as Serras Negra e do Cabral estão envolvidos direta ou indiretamente com a atividade. “O mercado de flores ornamentais gera renda para a população desde o início do século passado”, diz. “O pico da comercialização foi na Segunda Guerra Mundial, quando as flores eram utilizadas para a fabricação de arranjos fúnebres”, esclarece.
A coleta indiscriminada resultou, em 1997, na proibição do extrativismo, medida que gerou impacto imediato na rotina dos povos tradicionais. Do entrave, brotou o ímpeto capaz de transformar a realidade social dos moradores. Há 14 anos, diversos projetos de manejo controlado da flora são desenvolvidos em comunidades como a de Galheiros, na zona rural de Diamantina, e de Andrequicé e Raiz, distritos de Presidente Kubitschek.
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