DIAMANTINA
EM TEMPO DE SAFRA CULTURAL
Diamantina é mesmo assim. Apesar de atravessar longa fase de apatia desenvolvimentista, assistir passivamente à degradação do seu centro histórico e sofrer a consequente abulia empreendedora na área do turismo, eventos importantes e de alto nível cultural lhe vêm caindo dos céus como bênçãos divinas. É cada vez mais animador descobrir, por exemplo, que pinturas das mitológicas sibilas só existam na Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, em Diamantina, em alguns templos do Velho Mundo e em nenhuma outra parte da extensa colonização portuguesa. E o que pensar de um órgão setecentista que, mudo por quase um século e caindo aos pedaços, ao ser restaurado, revelou-se uma singularidade de conceito construtivo entre seus requintados congêneres não só das históricas Gerais como também de milenares países de além-mar? E mais ainda, quem imaginaria que o dedilhar virtuoso de Lobo de Mesquita, o maior compositor de partituras sacras das Américas, inspiraria organistas do país e do mundo inteiro a criar o 1º Festival de Músicas Antigas de Diamantina, arrancadas com elevo do órgão construído artesanalmente pelo padre Manoel Almeida e Silva na Igreja do Carmo?
É interessante registrar que
cada uma descoberta deste quilate empolga e enche de orgulho os
moradores deste velho e imprevisível burgo, ao mesmo tempo em que é
recebida como a última das muitas preciosidades que os tempos
preservaram em seus recônditos escaninhos. Quando, pois, alguma
dessas revelações vem à tona dos tempos presentes contamina toda a
cidade com o bálsamo da autoestima e enriquece, mais ainda, sua saga
cultural. Que perdoem os caros leitores esta mania do editor de dar
notícias como se estivesse a contar casos. Que, fiéis à pachorra
da mineiridade, devem ser narrados devagarzinho, aos poucos, como se
não tivessem fim. Pois que, de fato, nunca parecem acabar os
tesouros escondidos nestes vetustos casarões do antigo Arraial do
Tijuco. E o mais recente deles, (quem diria?), começou a ser
construído ali no pé da serra, “num terreno pedregoso,
sáfaro e agreste, bem em frente onde outrora eram solenemente
supliciados os condenados à morte”, na descrição elegante de
Zezé Neves, o fundador do Pão de Santo Antônio.
Parte do editorial da Voz
de Diamantina, edição 720, de 30/05/2015
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