A autoestima do diamantinense é
movida por acontecimentos aparentemente fortuitos. Como, por exemplo, a
vesperata, nascida não por acaso no momento em que a cidade pleiteava, sem
muita convicção, o título de Patrimônio Cultural da Humanidade. O que se deu
naquela época? Juntou-se uma grande embora tênue esperança com a redescoberta
da musicalidade, rico tesouro que mais parecia um dote natural que dormitava no
seio de cada família tijucana. Sempre afirmei que a vesperata alçou o
amor-próprio do diamantinense a píncaros nunca dantes nem imaginados. Assim
como ousarei agora asseverar que este velho e misterioso burgo nunca precisou
tanto de algo simples, mas surpreendentemente mágico, para revelar, mais uma vez,
que a predestinação para a grandeza nunca lhe falhará, mas terá sempre de
contar com a cumplicidade de seus filhos e moradores.
Recentemente, ponderei num
editorial que se algum dia surgisse um prefeito que restaurasse o nosso belo e
singular calçamento de pedras, Diamantina teria de erigir-lhe uma estátua ou
uma imagem. Ou ambas, se tal empreitada recuperasse não apenas este forte
complemento arquitetônico da cidade, mas também uma arte que se perdeu nos
tempos. A estátua premiaria a visão, a sensibilidade e a capacidade
administrativa desse ainda fictício gestor público. E a imagem entronizaria no
altar quem viu, sentiu e viveu sua cidade com o respeito, a liturgia e a
elevação que só merecem os mais sagrados templos.
Estes
devaneios me saem da pena na manhã de quinta-feira, 23 de julho, na entrada do
quarto dia em que operários da prefeitura, da Copasa, velhos e experimentados
calceteiros começam a assentar as primeiras fileiras de pedras-guias num
trecho-piloto em frente à catedral. Em seguida, seus vãos em quadriláteros
serão preenchidos com pedras-matacão. A grande novidade na empreitada é tão
velha quanto a Via Ápia romana: não entra ali nem poeira de cimento.
Parte
do editorial da Voz de Diamantina, edição 728, de 25/07/2015
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