Fonte: Estado de Minas - Gustavo Werneck
Diamantina – Vida nova, e da melhor qualidade, para o prédio da antiga cadeia, localizado na Praça Dom Joaquim, no Centro Histórico de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha. Depois de um longo tempo tomada pela degradação e abandono, a construção, datada de 1920, foi recuperada para dar espaço a um cine-teatro, com 140 lugares, equipamentos de última geração e palco de 100 metros quadrados. O casarão, pintado de cromo suave, terá ainda área ao ar livre para shows, café, sala de exposições, novos banheiros e escritórios da administração. A solenidade de abertura do centro cultural multiuso será terça-feira, às 19h, com a presença de autoridades, informa o chefe do escritório técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o arquiteto Junno Marins da Matta.
O prédio se torna mais um ponto importante e bonito na paisagem de Diamantina, que tem o núcleo histórico tombado desde 1938 pelo Iphan e reconhecido como patrimônio da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). “O imóvel estava à beira da ruína e estamos nessa luta para recuperá-lo desde 2000. Ele pertencia ao governo do estado, que o repassou à Prefeitura de Diamantina, via regime de comodato por um período de 30 anos”, conta o coordenador do Programa Monumenta/Ministério da Cultura (MinC), o engenheiro civil Carlos Emanuel Lopes Ferreira. Ele destaca que houve grande empenho da prefeitura, por meio de sua unidade executora de projetos e do Iphan.
As obras de recuperação do prédio da cadeia foram feitas em duas fases e custaram R$ 2,8 milhões, bancados pelo MinC, com contrapartida da prefeitura. “Por ser uma construção antiga, tivemos que fazer uma série de adaptações, a exemplo de um sistema de ventilação do piso”, explica Carlos Emanuel, mostrando que as paredes do banheiro são de pedra e ficaram aparentes, o que imprime mais charme ao ambiente. Muitos elementos importantes da arquitetura original, no entanto, desapareceram, como as grades das celas. “A informação que temos é que esse material virou boca-de-lobo nas ruas”, revela.
Sofisticação
Igualmente entusiasmado com a reforma, Junno conta que, antes da cadeia, havia no local o Teatro Santa Isabel. No início do século 19, o antigo quartel, no Largo do Rosário, foi adquirido pelo Hospital de Caridade, hoje Santa Casa de Caridade, para ser transformado em casa de espetáculo e obter recursos para o tratamento de pacientes pobres. Assim, o Teatro Santa Izabel foi inaugurado em 4 de julho de 1838, dia em que se comemora a santa padroeira do hospital, tornando-se, com o tempo, palco de grandes espetáculos, festas de casamento, bailes, saraus e bailes de carnaval. A partir de 1907, a casa passou a funcionar também como cinema. No entanto, com a crise econômica do início do século 20, o local foi fechado para, em 1912, ser demolido. No lugar, foi construída a cadeia pública, desativada em 1980.
Também na terça-feira, será inaugurada, com a presença do presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida, o Galpão oficina-escola José Lopes de Figueiredo (homenagem a um antigo mestre da equipe de obras de 1938 a 1974) do escritório técnico do Iphan e haverá o lançamento do livro Igreja de São Francisco de Assis em Diamantina, da Coleção Grandes Obras e Intervenções, do Programa Monumenta/Iphan.
Nenhum comentário:
Postar um comentário