quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Será que não seremos capazes?

Autor: Ricardo Lopes Rocha, no  blog http://ricardolopesrocha.blogspot.com/

Façam um teste: perguntem aos jovens que vocês conhecem o que eles acham do calçamento da nossa cidade. Nem precisa ser muito jovem; de 40 abaixo já serve. Decerto vão dizer que é horrível, esburacado, etc. Depois perguntem o que deveria ser feito. Deveria asfaltar! Acredito que deve ser a resposta mais comum. Se você também acha isso, é porque não deve ter vivenciado na época em que em nossas ruas havia um bom pavimento, liso e bem feito, ou não teve oportunidade de saber mais sobre suas peculiaridades especiais. De quem é a culpa? Da nossa geração, que é a que está no comando agora! Se nós, não soubermos convencer a próxima geração de que nosso calçamento é especial, teve uma inserção histórica, houve toda uma logística para ser feito, estaremos ignorando nossa história, que é o que há de maior valor numa cidade histórica! Se não conseguirmos provar que o pavimento com pedras é funcional, ecológico, além de ter um apelo turístico, estaremos reconhecendo a nossa derrota e fatalmente, num futuro, nossas ruas estarão asfaltadas em nome de sei-lá-o-quê-politicamente-correto, o atual câncer da modernidade. É preciso provar até para nós mesmos, que ele está assim, deplorável, porque, em 70 anos, além de não se ter feito manutenção, ainda foi esburacado por empreiteiras descuidadas que tampavam os buracos da maneira mais rápida possível. A necessidade desta prova é o principal argumento do Manifesto Acerta Pedra. O outro argumento para eu teimar em continuar lutando por esta meta é tentar passar adiante um conhecimento que já está se perdendo; são poucas pessoas que vivenciaram a técnica do recunhamento que é simples e mais funcional, porém muito trabalhosa. Eu tive a felicidade de aprender e de fazer e quero repassar para outros como é que se faz. Demorei a voltar a escrever sobre o Manifesto, porque estamos esperando as pedras, antes de iniciar o serviço. O trecho escolhido foi na Rua São Francisco, da Casa de JK até o jardim da Praça de esportes. Quando o projeto foi apresentado, não havia estoque de pedras. As que necessitamos são os “traços”, que demoram para serem lapidados, porque tem espessura, dureza e largura determinados – os traços são preparados na pedreira e chegam na obra já prontos.

2 comentários:

  1. Olá Ricardo,

    espero que dê certo mesmo.

    Acredito que não só perderíamos em beleza e história como também em segurança.
    Diamantina tem um transito relativamente seguro (exceção à alguns motoqueiros inconsequentes), devido a baixa velocidade imposta pelo calçamento. Se asfaltar, o índice de acidentes tende a aumentar, assim como a gravidade dos mesmos. Parabéns pelo trabalho e conte comigo.

    Danilo

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  2. Concordo com o Danilo. Alguns motoqueiros de Diamantina pilotam pela cidade como se estivessem participando de um rally. Há um entregador (delivery) que desce o Beco do Alecrim, próximo ao restaurante Deguste, em altíssima velocidade, colocando em risco as pessoas, principalmente crianças que andam por ali. Quanto ao Projeto Acerta Pedra do Ricardo acho que foi a única pessoa dessa cidade que realmente tem procurado uma solução prática e efetiva para esse problema que é de todos. Pode ser apenas sonho, mas é um belo sonho e precisamos apoiar essa inciativa.

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