Já não se faz carnaval como antigamente... Talvez não exista na face deste país nenhuma gente que balbucie esta frase com maior sentimento de perda que o diamantinense. À semelhança da descrença no vaticínio de que o garimpo haveria de acabar um dia, o declínio do carnaval de Diamantina nunca foi levado a sério. Emersa também das águas calmas do Tijuco, a carnavalesca e sensual Diamantina conquistou Minas e o Brasil. A partir de rodas de samba, da índole zombeteira de quem não se descobrira ainda dono de um dos mais diferenciados conjuntos arquitetônicos setecentistas. Cercado por uma moldura de pedras de beleza e imponência singulares. Protagonista de um cenário mágico, atraente, irresistível. Quando, pois, correu a notícia de que tamborins, cuícas e atabaques excitavam a malemolência do antigo e miscigenado Arraial do Tijuco, ninguém mais segurou o carnaval de Diamantina. Que, ano após ano, cresceu, inchou, agigantou-se. Tanto e com tal enormidade que não coube mais na cidade. E, menos, ainda, no jeito calmo de seu povo. Na medida de seus costumes. Dentro de seus princípios. Daí nasceu uma ruptura. De visão. E de aceitação. Meia Diamantina ansiava pelo carnaval; a outra metade, pela quarta-feira de Cinzas. Ambas as partes tinham ciência de sua importância; assim como se preocupavam com sua falta de limites.
A poucos dias da grande folia, Diamantina vive, mais uma vez, seu dilema momesco. Dez, 20, 30, quantas mil pessoas virão neste ano? A quantas anda o aluguel de casas, a ocupação de pousadas, a abertura de botecos temporãos? E o xixi na rua, os sons fixos e automotivos, noite e dia, por toda parte? - “Tomara que chova três dias sem parar”, clamam Minas, São Paulo e Rio. A terrível seca que assola grande parte do país faz com que dezenas de cidades, até mesmo algumas históricas das Gerais, cancelem seu carnaval, o que trará mais gente ainda a Diamantina, festejam alguns. Que a limpeza, a segurança e o respeito mútuo se transformem em referência da nossa festa maior é o sonho de outros.
Início do editorial da Voz de Diamantina - Edição 703, de 31 de janeiro de 2015
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A falta de água em Diamantina no período de carnaval é histórica. Considerando a seca que assola grande parte do país, inclusive fazendo com que muitas cidades cancelem as festividades deste período, gostaria de saber quais são as iniciativas e ações tanto dos governantes quanto dos organizadores do Carnaval 2015 para que moradores da cidade e visitantes possam desfrutar deste líquido tão preciosos e essencial à vida, no período carnavalesco.
ResponderExcluirObrigada