Os dois últimos carnavais diamantinenses tiveram o duplo condão de preocupar e tranquilizar a população deste velho e festeiro burgo. E já não era sem tempo. Pois não é de hoje que a maior, mais movimentada e lucrativa (sic) festa local vem dividindo opiniões. Ouso afirmar que mais da metade deste povo alegre e inzoneiro anda desencantado com ‘o melhor carnaval do país’. Já ninguém acredita que ele transcorra sem baixar a qualidade de vida dos seus moradores a níveis absolutamente indesejáveis e incompatíveis com uma cidade patrimônio cultural da humanidade. Em certa época, diante da degradação que ele impunha ao pacato e civilizado modus vivendi tijucano, cheguei a afirmar que ‘Diamantina não merece, mas precisa do carnaval’. E, em dias de acaloradas revoltas com a falta de respeito, a desmedida agressividade e o estrago moral que avançavam a cada folia, escrevi o que no íntimo pensava, mas não tinha coragem de externar: ‘Diamantina se prostitui no carnaval’.
Mas, como diamantinense, sou também sensível ao vigoroso fluxo de autoestima de ver a cidade na boca das pessoas, nas manchetes de jornais, em programas televisivos citada como um dos mais importantes destinos carnavalescos do país. Além do mais, tem-se que levar em conta o aspecto econômico, o montante de recursos, o grande número de empregos temporários que a grande festa proporciona a muita gente, numa cidade sem indústrias, de modesta arrecadação. O que torna razoável o esforço da prefeitura em tentar reinventar um carnaval que, ultimamente, vem declinando por vários e anunciados motivos. Entre eles, a consolidada percepção de que não há como fazer um carnaval que se harmonize com a cultura, o respeito e a consideração que a população merece e a que tem direito.
Início do editorial da Voz de Diamantina - Edição 702, de 24 de janeiro de 2015
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