Fonte: Gustavo Werneck - Estado de Minas, 23/05/2010
O sorriso feliz é de quem está perto de uma grande amiga, daquelas que acompanharam momentos de pura emoção em várias etapas da vida – noite e dia, sob sol ou chuva. Com total intimidade, o fotógrafo Assis Alves Horta, de 92 anos, regula o diafragma da primeira máquina de estúdio que comprou, em 1936, a francesa da marca Gilles-Faller, e diz, orgulhoso, que o pano escuro para impedir a entrada de luz é original de fábrica.
Para mostrar a importância da peça na trajetória pessoal e profissional, o mineiro de Diamantina a colocou num lugar de destaque na sala da sua casa, no Bairro Barroca, na Região Oeste de Belo Horizonte, cidade onde vive com a família há 35 anos. “Fotografia é arte gostosa, eterna, uma lembrança que fica para sempre”, conta, ao lado da mulher ,Maria Monteiro Horta, de 92, com quem está casado há 68 anos.
A sala ainda reserva muito espaço para fotografias em preto e branco e coloridas feitas por Assis, que, com o seu trabalho, se tornou um dos maiores defensores do patrimônio cultural de Minas. Durante sete décadas ele percorreu as cidades históricas, a começar pela sua Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, documentando tudo o que fosse relevante e estivesse na mira: imagens sacras, casarões, interior e fachada de igrejas, ruas e praças, cerimônias religiosas, num total de 60 mil registros.
Por isso mesmo, acaba de receber homenagens e reconhecimento do Ministério Público Estadual, via Promotoria de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico (CPPC), que ainda promoveu pequena mostra de fotografias e equipamentos
, encerrada na sexta-feira, na Procuradoria-Geral de Justiça, na capital.Para quem não viu, resta a oportunidade
de visitar o Museu do Diamante, vinculado ao Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), em Diamantina, e ver a exposição permanente Diamantina 360 graus – sob o olhar de Assis Horta, convida a diretora da instituição, Lílian Oliveira. Para setembro, está prevista outra mostra na cidade, com o nome Festas e, desta vez, de caráter itinerante.Na campanha de recuperação do acervo desaparecido de museus, igrejas, capelas e monumento mineiros, que completa sete anos e é integrada por diversos órgãos estaduais e federais, “seu” Assis, como é conhecido, tem papel de destaque. “Ele forneceu fotografias antigas e informações preciosas para abastecer o banco de dados sobre bens sacros furtados do estado.
Em fevereiro, nos cedeu três fotos inéditas, datadas de 1936 e em ângulos diferentes, retratando a imagem de Santana Mestra da igreja matriz do distrito de Inhaí, em Diamantina. A peça foi furtada em 1997 e está sendo procurada pelas autoridades”, afirma o promotor de Justiça e coordenador do CPPC, Marcos Paulo de Souza Miranda.
Sem dúvida, homenagem merecida.
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