Fonte: Estado de MInas 12/02/2013
Diamantina – Em meio ao batidão dos carros de som espalhados pelas esquinas e repúblicas de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, os blocos tradicionais têm espaço garantido. Misturando antigos sambas e marchinhas carnavalescas, os integrantes dos grupos Xai Xai, Balança o Saco e Rato Seco desfilaram na tarde de ontem pelos becos da cidade histórica, que recebeu este ano a metade do número de foliões de 2012. Liderados pela experiente porta-estandarte Terezinha Lopes, de 71 anos, que há quatro décadas percorre as ladeiras de Diamantina levando a bandeira do bloco Xai Xai, o bando de fantasiados anuncia o início da festa no terceiro dia de carnaval. “Convocamos aqueles que ainda estão nas casas se arrumando a apressar o passo e vir para a rua”, avisou Terezinha, que mostrou preparo físico invejável ao guiar o bloco pelas subidas e descidas da cidade.
E a folia considerada imperdível de sua cidade natal não é a única que tem espaço garantido na agenda da aposentada. Poucos dias depois da festa em Minas, ela parte para a fase final do carnaval: “Este é meu aquecimento fundamental para depois seguir para o Rio de Janeiro no desfile das escolas campeãs da Sapucaí”, disse Terezinha.
Seguindo os passos da porta-estandarte, um exemplo de que uma nova geração de foliões também se empolga com os desfiles tradicionais da cidade. Na véspera de completar um ano, Marina Jardin faz grande sucesso entre todos que acompanham o bloco. No colo de seus pais, Fabiana Jardin e César Grossi, a mascote do grupo não parece se importar com todo o barulho da bateria que vem logo atrás. “Ela comemora um ano em plena terça-feira de carnaval, então não tem lugar melhor para comemorar”, disse a mãe. E a ligação da família com a festa de Diamantina tem raízes profundas. O casal se conheceu nos becos da cidade, em uma festa da Bartucada.
Dois quarteirões acima, um outro grupo comanda uma festa diferente, mas que também chama bastante atenção de quem anda pela cidade. É o bloco infantil do Rato Seco, que, com cerca de 100 crianças e adolescentes, se apresenta mostrando domínio nos tambores e pandeiros, além de coreografia bem sincronizadas, muito parecida com o grupo baiano Olodum. “São todas crianças da cidade, que ensaiam bastante e curtem participar do desfile, misturando sons e experimentando danças novas”, explicou a presidente do grupo, Rosângela Borborema.
Segundo comerciantes e moradores já bastante acostumados com as ruas de Diamantina completamente tomadas durante toda a semana de carnaval, este ano o número de foliões ficou abaixo do normal, com cerca de 20 mil pessoas – nos últimos anos foi registrada a presença de cerca de 40 mil visitantes –, segundo estimativa da prefeitura. A explicação para essa redução está nos problemas políticos enfrentados pela nova administração, que reclama das dívidas deixadas pela antiga gestão.
Mas se para o comércio e hotéis o número menor de visitantes é muito lamentado, para muitos foliões que marcaram presença na festa as ruas estão com um número perfeito para quem quer se divertir sem ter que sofrer no meio do tumulto para ir de um lugar a outro. “Este ano temos ruas bem movimentadas, mas sem aquela loucura de ter que ficar empurrando todo mundo para andar na cidade. A festa está garantida e com um clima muito bom neste ano”, avalia o estudante universitário Fernando Monteiro, que foi de São Paulo pela terceira vez passar o carnaval em Diamantina.
Quem conhece e valoriza nosso carnaval não abandona...antes menos e com qualidade do que apenas quantidade com imagens deploraveis....
ResponderExcluirParisina,
ResponderExcluirSeu comentário é perfeito. Diamantina precisa se valorizar. Espero que este momento de crise se transforme em criatividade para que os próximos carnavais privilegiem a qualidade.