Autor Joaquim Ribeiro Barbosa - “Quincas”
Não deve ser exagero afirmar que as eleições extemporâneas do dia 7 de abril terão a extraordinária capacidade de alertar o diamantinense para os perigos que rondam sua ingênua e desprotegida cidade. Não só pelo simples e hediondo fato de - na qualidade de eleitor - ele ver, assistir e sentir-se reles alvo de uma campanha cujo forte componente não é a argumentação, não são planos de governo e, muito menos, a exposição do lastro de vida dos candidatos. Nunca (e não por acaso) se gastou tanto dinheiro com advogados, liminares, recursos e protelações nos tribunais quanto as altas cifras investidas em viagens, honorários, taxas de sucesso, nesta e na eleição que passou. Disse e repito: candidatos há que não perseguem a própria vitória. Lutam desbragadamente pela derrota do opositor. As armas para tal estilo de combate não têm limites de calibre, de aniquilamento de reputações, de comprometimentos éticos. Vão da sub-reptícia insinuação às mais deslavadas maledicências. O importante nesse jogo é vencer. Independentemente do nível de rebaixamento moral.
Incompreensível é notar que tão exasperados anseios pelo poder se têm potencializado quando Diamantina se viu livre de um prefeito que não deixou saudade alguma. Pelo contrário: sua temerária gestão dificilmente sairá da memória diamantinense como a mais ineficiente, populista e eivada de suspeições. Até mesmo seu partido o defenestrou das eleições suplementares do próximo domingo. Como, aliás, aconteceu em Três Marias. Tantas fez o pseudoreverendo naquela cidade balneária que se destruiu politicamente frente seus pares. Muitas vezes este escrevinhador se referiu a ele como o ex-prefeito não reeleito de Três Marias. E, ultimamente, de Diamantina também. É que existem várias maneiras de prefeitos não se reelegerem. Entre elas, quando seus correligionários os rejeitam e lhes negam o suposto direito adquirido de se lançarem candidatos. É andar por nossas ruas e compreender as razões para esse alijamento partidário. Frota de veículos sucateada, trânsito caótico, lixo descontrolado, salários em atraso são pequena parte de seu terrível legado. Até a UPA, das pouquíssimas benesses governamentais de sua gestão e o maior de seus falsos trunfos políticos, não pôde ser inaugurada no fim de seu governo (e nem até hoje) por absoluto despreparo dele e de sua incompetente corte de sabujos.
Torçamos para que Diamantina nunca mais tenha de lamentar-se pelas ciladas que maus homens públicos lhe têm armado. Tentemos acreditar que o diamantinense já não cairá tão facilmente na enganosa lábia de candidatos cujas biografias e realizações mal preenchem o verso de míseros santinhos. E, com o discernimento do nosso voto, eliminemos de vez a tola crença de que esse multicolorido mar de bandeirolas içadas por batalhões de militantes pelas esquinas tenha algum sentido, além do alto gasto com a pobre juventude que se sujeita a desfraldá-las. Findas as eleições, sejam lá quem forem os eleitos, cobremos da sociedade dita organizada o papel que lhe cabe precipuamente: fiscalizar e tentar fazer da câmara uma instituição útil, respeitável, produtiva; policiar o prefeito, criticá-lo, quando necessário, e contribuir para a eficiência de sua gestão e o desenvolvimento do município.
Ignoro a data em que Diamantina completa 300 anos de surgimento. A depender do resultado destas eleições, tão importante marca poderia passar a ser comemorada no Sete de Abril. Como um dia emblemático para o futuro da cidade. Por outro lado, se bandeirolas, cavaletes e fantasiosos discursos falarem mais alto, só resta a este velho e castigado burgo amargar as irônicas palavras com que o diplomata francês - Talleyrand - demonstrou, há quase dois séculos, como a política é um torpe jogo de interesses: Não aprenderam nada. Não esqueceram nada.
Editorial da Voz de Diamantina edição 608 de 06 de abril de 2013
Joaquim Ribeiro Barbosa - “Quincas”
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