sexta-feira, 12 de abril de 2013

Leia nesta semana na Voz de Diamantina

Autor: Joaquim Ribeiro Barbosa - “Quincas”

Capa (10)Tive dúvidas em manter o título deste editorial. Até concluir que seu enunciado simples e rude encarna com perfeição as cenas grosseiras, descabidas e aviltantes do teatro que a má política impôs a Diamantina. Além de as duas coligações de siglas que lhe dão respaldo terem permitido o aperfeiçoamento de sua rima (homem com comem, em vez de homem com come). Pensei várias vezes antes de comentar assunto tão vergonhoso, preocupado de este centenário jornalzinho do Pão de Santo Antônio ser acusado de partidarismo. Mas, criado por Zezé Neves justamente para defender Diamantina e sua gente, ele não pode calar-se diante de fatos que desmoralizam a tradição de cultura, de sensibilidade e de nobreza de um povo. Tachada algumas vezes de jornaleco, de pasquim e de outros honrosos pejorativos, esta voz não titubeia em alevantar-se para enaltecer vultos que honraram este velho e respeitável burgo, como também para registrar a mediocridade que, em ousado contraponto, vem manchando sua rica história.

O curto período de campanha para as eleições extemporâneas de 7 de abril desnudou, sem nenhum pudor, o que a falsa moralidade de alguns políticos não consegue esconder. Em menos de 30 dias, Diamantina assistiu estarrecida a um desprezível festival de baixarias. Nunca, por estas bandas, um candidato a prefeito sofreu tantos e escabrosos ataques. Que lhe eram impostos por variadas e obscuras fontes. O fundamento, aliás, do feroz e imoral combate de que ele se tornou alvo gratuito e preferencial, foi oferecido de bandeja por um de seus correligionários. Que, não se contentando em transformar a maledicência em raivosa e tenaz cruzada de desmoralização, distribuiu fartamente cópias de CDs de uma entrevista que se tornou, aparentemente, o maior feito de toda a sua existência. A esse reles nível de campanha eleitoral veio juntar-se barulhenta e agressiva tropa de pitbulls de uma sigla partidária que mais se assemelha a uma seita. Espalhadas pelas ruas da cidade, pelos distritos e povoados, suas bandeiras vermelhas eram ameaçadores arautos da agressividade, do desrespeito, da hostilidade. Essa horda forasteira, vinda dos porões do sindicalismo que tenta impor seu domínio no grito, no chega pra lá, no porrete de cada bandeirola, contaminou a militância local e inaugurou condutas inaceitáveis num jogo político limpo, digno, honesto. A cada madrugada, panfletos mentirosos eram fixados em postes da periferia, ao mesmo tempo em que peças gráficas do principal adversário amanheciam rasgadas, pichadas, destruídas.

Parte do editorial da Voz de Diamantina edição 609 de 13 de abril de 2013

Joaquim Ribeiro Barbosa - “Quincas”

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