Numa feliz coincidência com que minha provecta idade já nem me permitia contar, meus ouvidos foram premiados com as notas musicais do órgão que Joaquim Emerico Lobo de Mesquita, o maior compositor de músicas sacras das Américas, fez ecoar pelas abóbadas da Igreja de Nossa Senhora do Carmo em fins do século XVIII. Quis ainda o acaso brindar-me com esta efeméride por três vezes em um mesmo fim de semana. A primeira delas, informal e nem anunciada, ocorreu durante a missa a que costumo assistir nas tardes de sábado naquele belíssimo templo, ao escutar a nostálgica, melódica e até então emudecida voz do órgão construído artesanalmente pelo padre Manoel Almeida e Silva entre os anos de 1782 e 1787. Dificilmente se ouvirá novamente o soar de um Kyrie Eleison tão piedosamente dedilhado e harmoniosamente acompanhado por uma soprano cuja voz se entrelaçava com o saudoso timbre do órgão e fazia reviver toda a magnificência que as pinturas em perspectivas do teto, a beleza de douramentos do altar-mor e a grandiosidade arquitetônica imprimem naquela vetusta, lendária e histórica igreja. O Sanctus, Sanctus, Sanctus, um dos mais belos hinos cristãos, completou o batizado do órgão na liturgia eucarística daquele inesquecível fim de semana.
À noite, a Igreja do Carmo repleta de gente num silêncio reverente e perscrutador, tiveram início o Concerto Inaugural e a Bênção do Órgão Almeida e Silva/Lobo de Mesquita. A cada saudação e exaltação que o arcebispo de Diamantina fazia às importantes funções do bicentenário instrumento, elevavam-se por toda a igreja notas musicais executadas pelo dedilhar do virtuoso organista Marco Brescia. Entusiasmado certamente em ressuscitar os ricos e variados sons de uma voz que só voltara a ecoar graças ao seu conhecimento, relacionamento e empenho, ele escolheu caprichosamente trechos ligeiros de músicas, entre suaves e tonitruantes, como a inflar gradual e reveladoramente o som de cada um dos quase 600 tubos do renovado órgão. Com o acompanhamento da voz cúmplice da soprano Rosano Orsini, não por acaso de sobrenome Brescia, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo encarnou-se no divino sacrário da religiosidade, da cultura e da sensibilidade diamantinense.
Início do editorial da Voz de Diamantina - Edição 660, de 05 de abril de 2014
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Porque a VOZ calou diante de tantos problemas que está enfrentando nossa querida Diamantina nesta gestão? Assinei por algum tempo a Voz de Diamantina e gostava de ver como as coisas eram cobradas, mas parece que agora tudo esta lindo, perfeito ridículo.
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