Apesar de crítico, tenho índole otimista. Mas sou também realista. Mais ainda quando me ponho a matutar sobre as irreparáveis perdas deste velho e sofrido burgo e o enorme tempo em que ansiadas conquistas dormitam na burocracia governamental. Diamantina é presa do sortilégio de só ver concretizados antigos e viáveis planos de desenvolvimento em 50 anos, e não em cinco, diferentemente da saga que personificou o Plano de Metas de JK. Remeti-me a esta digressão ao ler o artigo “Diamantina guarda registros do início da construção da BR-367”, publicado nas páginas 10 e 11 desta edição. Puxa vida! Bem me lembro das explosões na Serra do Cruzeiro. Primeiro, ouvia-se o buuumm que reboava por toda a cidade! Em seguida, levantava-se um cogumelo de pedras espatifadas e muita poeira. Em meio àqueles estrépitos nascia a BR-367, um sonho de JK que ligaria Diamantina ao litoral da Bahia. “Pela nova rodovia desbravadora, no bojo dos caminhões e viaturas, que transportarão o fruto do trabalho de nossa gente, vão também o livro, o remédio, o bem-estar e a cultura”, disse Juscelino Kubitschek em 1950. Gente, meu Deus, passados mais de 60 anos, essa importante rodovia não foi até hoje inteiramente asfaltada! Parece ou não envolto em bruxarias o progresso da terra de Juscelino?
Início do editorial da Voz de Diamantina - Edição 628, 24 de agosto de 2013
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