sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Leia nesta semana na Voz de Diamantina

imageNo entardecer do sábado, 12 de outubro, as réstias de sol que se despediam da Serra do Cruzeiro deram lugar a grossas alas processionais que quase preenchiam o trajeto da Capela do Pão de Santo Antônio à Igreja de Nossa Senhora Aparecida, erigida na imponente moldura de pedras que circunda Diamantina. Sob o crepúsculo em que a noite então caía, pus-me a admirar o mundo de gente que ia chegando para a última missa do dia em homenagem à padroeira do Brasil. Durante toda a semana, levas de peregrinos ali já tinham estado em oração. Diferentemente das outras grandes festas católicas de Diamantina, o Dia de Nossa Senhora Aparecida parece acrescentar à devoção, à religiosidade e à contrição dos fiéis um vigoroso e espontâneo sentimento de civismo. Não que as pessoas não rezem para si mesmas, para suas famílias e amigos, muitas descalças cumprindo promessas, mas não há como se alhear à alegria, à irmanação e ao clima amistoso que vão engrossando o feixe de rogos, de pedidos e de preces em favor da cidade, dos governantes, do povo brasileiro.

No dia seguinte, porém, nem bem se dissipara o cheiro de pólvora e de incenso da grande festa, a população ainda inocentemente embalada no clima de oração, um atentado à moralidade pública era perpetrado no coração de Diamantina. Ou melhor, no órgão vital mais suscetível às mazelas do clientelismo, da sujeição e da conivência: a Câmara Municipal.

Início do editorial da Voz de Diamantina - Edição 635, 12 de outubro de 2013

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