Se defender o potencial turístico de Diamantina é ser rabugento, sou o campeão da rabugice. Se apontar a cegueira de nossos gestores para um dos maiores atrativos da cidade é ser chato, repetitivo, ranheta, sou recordista neste exercício crítico. Transcrevo na página 05 desta edição o texto “O Caçador de Tesouros”, publicado na Gazeta Tijucana em junho de 1994, que ressalta o sortilégio a que parecem atrelados os desígnios da Terra dos Diamantes em contraponto à abundância mineral com que a natureza emprenhou suas entranhas. Escrito há 20 anos, este velho artigo ainda guarda o poder de revelar o amor, a fidelidade e a determinação de um diamantinense para recuperar as ruínas de um monumento que encarna os primeiros vestígios da Estrada Real, e de descortinar a saga do ciclo do diamante - em que o despotismo, a miscigenação e o espírito libertário moldaram as raízes da mineiridade - irmã gêmea da diamantinidade.
Mas o que de especial fez Zulmiro Ribas, o protagonista do citado escrito? Propôs restaurar o lendário, mas desconhecido e arruinado Caminho dos Escravos, às próprias custas. Ao saber daquela sua generosa pretensão, o prefeito da época assumiu as despesas com a mão de obra, deixando a seu cargo a supervisão da empreitada. Mais um século passará sem que um cidadão diamantinense mostre tamanho desprendimento, e algum prefeito deste velho e desnorteado burgo demonstre o tirocínio que tornou possível a restauração do belíssimo trecho do Caminho dos Escravos que, serpeando na Serra dos Cristais, desce até a beira do Jequitinhonha, no distrito de Mendanha.
Aquela foi, sem dúvida, a mais importante e barata obra de toda a gestão do prefeito Iraval. Que nela empregou cinco operários, alavancas, enxadas, picaretas, padiolas, carrinhos de mão e nada mais. A recuperação daquele pequeno e monumental trecho destacou o Caminho dos Escravos como um dos maiores atrativos ecológicos, turísticos e históricos do país. Ao saber que Zulmiro Ribas se dispunha a comprar um veículo para transportar os operários e supervisionar graciosamente a recuperação do caminho até Mendanha, o recém-empossado prefeito João Antunes se entusiasmou com a ideia. Que, entretanto, morreu no nascedouro e foi sepultada pelo seu poderoso vice-prefeito.
Início do editorial da Voz de Diamantina - Edição 681, de 30 de agosto de 2014
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