domingo, 22 de março de 2015

Crise

Antenor José Figueiró – antenor.figueiro@ig.com.br

Durante nossa trajetória de vida absorvemos vários conhecimentos, mas algo se torna relevante quando um fato específico tem um ponto de referencia, uma essência identificadora.

Rompi as barreiras de Diamantina, de Minas, do Brasil e passei a incorporar o mundo quando soube ainda na infância da estada de um conterrâneo nosso, funcionário da Mendes Júnior, executando obras de infraestrutura no Iraque. Este foi o estopim para que eu estivesse sempre antenado em diálogos que referissem ao Muro de Berlim, ao Vaticano, Taji Mahal, Disneylândia, às Muralhas da China, Meca, Síria, Afeganistão, Ponte Rio-Niterói, Passadiço da Glória, assim como um dos poucos viradouros de trem e uma das primeiras hidrelétricas do Brasil, somados às milhares de fantásticas obras espalhadas por este mundo de meu Deus.

Passei a ver a vida como uma constante viagem e com o bilhete de minha passagem em mãos, o mais proveitoso foi explorar mesmo estando estacionado, dialogar mesmo sem conhecer.

É claro que a vida é o bem maior, supremo, insubstituível.

Tento imaginar qual o teor de um texto fruto de um seminário, fórum ou mesa redonda com Getúlio Vargas, Nelson Mandela, Michael Gorbatchov, George W. Bush, Evita Peron, Walt Disney, Vladimir Putin, Papa João XXIII, Monteiro Lobato, Rachel de Queiróz, Clarice Lispector, Chica da Silva, Padre Rolim, Lobo de Mesquita, Chichico Alkimim, Juscelino Kubitscheck, etc., mas isto é impossível, a única certeza é que tudo isto não é saudosismo, até porque cada um deles teve seu tempo e sua cultura. Fato é que somos uma geração frutos de transformações, grandes perdas, grandes conquistas, em um relativo pequeno espaço de tempo.

Pior para nós que vemos, mas não enxergamos, confundimos valores, invertemos a lógica do moderno e modernidade, dilapidamos identidades, distorcemos atos e atitudes.

Desperta Diamantina! A tão falada crise econômica, financeira e política, nada mais é do que um objeto produzido em larga escala, um item de consumo do momento. O que assistimos pacificamente e já algum tempo é a crise de caráter, da ética e moral, a deterioração da família, deturpação religiosa, o dilaceramento social. Convivemos com guerras armadas até os dentes, que eliminam vidas, destroem gerações inteiras, desmoronam magníficas obras de arte erguidas pelas mãos dos homens, apagam paraísos naturais moldados por Deus.

Convivemos também com guerras silenciosas, que como ervas daninhas espalham-se e se tornam robustas a ponto de fazer tombar o brilho e o pulsar da alma de um povo. A corrupção não somente de valores monetários, mas também a corrupção de sonhos e esperanças que atrofia a imagem e semelhança do Senhor.

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