Antenor José Figueiró – antenor.figueiro@ig.com.br
Sou de uma geração alucinada pelos ares da nova democracia, pelo sentimento antiamericano. Sorvíamos nas filosofias de boteco a utopia que nosso país deveria fechar suas portas ao mundo. Convencidos de que seríamos autossuficientes na garantia de sobrevivência de uma população livre da opressão, suave na fórmula de percorrer por esta trajetória terrestre. Tínhamos como lema a vã consciência de que éramos o grande celeiro do mundo, detentores do privilégio divino de termos um país sem guerras e catástrofes naturais, abençoado pelo seu clima, pela boa qualidade de suas terras e excesso de água.
Mas, nos faltou perceber a malícia do mundo capitalista, que nos personificou como país de terceiro mundo, meninos catarrentos e bichentos. Com doses homeopáticas fomos engolidos pelo mercado publicitário: “povo limpo é povo desenvolvido”, “Brasil, ame-o ou deixe-o”.
Fomos introduzidos ao mundo fantástico de seus super heróis, sutilmente nossas imagens foram tomando novas formas e cores, muitas destas nunca chegaram a serem atitudes destes heróis.
Envolvidos pela superdose de modernidade (atualidades) não percebemos o quanto uniforme e de dimensões desproporcionais o verde (eucalipto) nos sufocou, a velocidade alucinante pela qual, cores e modelos (carros) nos ultrapassou.
Transformamo-nos em seres adestrados, perdemos a capacidade de sermos, aguardo pelo estouro da boiada. Por simples comodidade, desprezamos bons projetos, pois, teremos que pensar, planejar, executar e sentir os resultados. Copiamos futilidades, estereótipos e vulgaridades. Alimentamos um abismo intransponível entre o real e o abstrato.
Não conseguimos executar a conexão entre o saber e o conhecer. Sabemos que Diamantina tem quase todos os órgãos estaduais e federais aqui instalados, mas qual ou quais as importâncias, forças e consequências políticas, sociais e econômicas regionais? Temos consciência de que Diamantina cresceu e muito, quando fomos lá para ver este tamanho? É do conhecimento que o município é enorme, que temos de atravessar quase duas cidades para chegar a povoados e distritos que nos pertencem, mas já fizemos este percurso? Cantamos pelos quatro cantos as possibilidades e oportunidades, mas quando escolhemos, defendemos e executamos uma?
Hoje temos problemas sociais graves, tanto na cidade como em povoados e distritos. Cada um de nós, que mora no município de Diamantina sabe, podemos até negar, fugir ou ignorar, mas cada um de nós ou alguém muito próximo de nós já sofreu com algum destes problemas.
Temos a possibilidade de fazer o caminho inverso, adquirirmos nossos ranchos (sítios, fazendas) bem estruturados, produtivos e com excelente qualidade de vida. Exemplo desta ousadia é Planalto de Minas e seu entorno, pois possui desativada uma fábrica de polvilho que consumiu vários anos para sua construção, em valor estimado de quase um milhão de reais e que chegou a produzir seis mil quilos de polvilho por mês. Agora, temos como alternativa o emprego direto, com carteira assinada para sua reativação, de quarenta pessoas e um sem número de pessoas envolvidas no plantio, cultivo e transporte da mandioca da propriedade rural até a fábrica. Em contraponto para obter 6000 quilos de um pó finíssimo (o polvilho), quantos mil quilos de bagaço de mandioca serão produzidos, qual área cobrirá como adubo orgânico, ou quantos animais (gado, porco ou frango) alimentarão, pois este bagaço poderá ser utilizado como o volumoso da ração? O destino de cem mil litros de água diária que tem a possibilidade de descarte na natureza ou irrigar uma razoável área?
Desperta Diamantina! A Secretaria Municipal de Agricultura em parceria com órgãos afins tem o poder de ser uma grande parteira de empresas, indutora de desenvolvimento social e construtora de autoestima.
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