Da aridez do sertão à umidade da Mata Atlântica. Das cantigas de lavadeiras ao pop dançante de Latino. De uma filmagem em Super 16 a uma exibição em cópia digital. Do passado ao presente, do interior ao litoral. São muitas as viagens oferecidas por "Estrada Real da Cachaça", de Pedro Urano, filme que venceu o prêmio de melhor documentário no Festival do Rio em 2008 e que apenas ontem conseguiu estrear no disputado circuito brasileiro.
Praticamente todo rodado em Super 16, o documentário de Urano parte de Minas Gerais e refaz o centenário trajeto até a cidade de Paraty, no litoral sul fluminense. A câmera de Urano - um celebrado e jovem diretor de fotografia carioca - interage com casos e pessoas que encontra no caminho, numa história que vai muito além de seu tema central, a cachaça.
- O filme é uma viagem no espaço e no tempo. Sua estrutura deve muito à ideia de viagem. Você sai do sertão e vai até a exuberância de Paraty - afirma Urano. - E é também uma viagem no tempo porque está a todo momento dialogando com o século XVIII. Mas não é um filme sobre o passado. Minha relação com o passado é mais no sentido de entender como chegamos até aqui.
Então é justo tentar compreender como o próprio Urano chegou ao momento de lançar seu primeiro longa-metragem. Além do prêmio no Rio, o filme recebeu o troféu de melhor documentário no Festival de Mar del Plata, também em 2008. Dali em diante, o cineasta foi acumulando trabalhos elogiados como diretor de fotografia de produções como "Superbarroco", "O muro", "Tudo isso me parece um sonho" e "Ensolarado". E, agora, está no processo de finalização de seu segundo longa, intitulado simplesmente "H.U.", sobre o recém implodido prédio do Hospital Universitário da UFRJ, que nunca foi inteiramente acabado.
- Um filme é sobre saúde, e o outro é sobre cachaça. Eu me interesso por temas que em até certo sentido são lugares-comuns. Mas meu interesse é desmontar esses clichês. A ideia é vencer o que está cristalizado - conta Urano. - Em "A Estrada Real da Cachaça", a intenção é ultrapassar uma coisa que tem 300 anos de idade, mas que é nova, desconhecida, abrigada por fantasmas. Não é a Estrada Real do mapa produzido pelo governo de Minas Gerais.
A distância entre a realização do documentário e seu lançamento nos cinemas se deve ao grande problema que há no Brasil, o da falta de salas. A exibição só foi possível pelo projeto Sessão Vitrine, que vem abrindo espaço para cineastas da nova geração num único horário diário em algumas capitais do país. No Rio, o filme de Urano está sendo exibido às 21h, no Cine Joia, em Copacabana.
Além disso, o diretor fechou uma parceria com o bar-restaurante Academia da Cachaça: o espectador pode trocar o bilhete do ingresso por uma dose de cachaça, de uma carta criada especialmente para o filme.
- Além de ter a visão e a audição através de imagem e som, a pessoa vai poder fruir o filme pelo paladar e pelo olfato, degustando uma excelente cachaça produzida na Estrada Real - diz Urano
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