Autor: Joaquim Ribeiro Barbosa - “Quincas”
Densas nuvens toldaram Diamantina
Calando os violões e a serenata.
Bandolins, em toada triste e fina,
Choraram toda a noite e a madrugada,
E a manhã, bocejando sob a aurora,
Acordou com a poesia indo embora.
Os versos que abrem este texto fazem parte do poema épico Diamantina, ontem, hoje e sempre, escrito pouco depois que um famigerado governador de Minas mandou a este velho e espoliado burgo poderosa força-tarefa militar para fechar o garimpo. Corria o ano de 1989. Estávamos em agosto... Mês tão nefasto quanto os preocupantes indícios de exaustão dos diamantes e de denúncias cada vez mais insistentes sobre a gravidade de uma atividade extrativa que degradava o meio ambiente. Tempos críticos aqueles. Diamantina era uma cidade perdedora e prejudicada pela covarde retaliação que os anos de chumbo lhe infligiram. Ressentida ainda com a usurpação de vários e importantes órgãos governamentais e com a longa orfandade política que se seguiu ao processo de esvaziamento, o velho Tijuco subsistia galhardamente graças ao rico legado da natureza. O fechamento do garimpo, sem nenhuma proposta alternativa para milhares de pessoas que labutavam nas beiras dos rios e nas grupiaras, soou como a trombeta do fim do mundo. Numa época em que nem se vislumbrava a transformação da Fafeod em Fafeid e, muito menos, em UFVJM; quando turismo era assunto de sonhadores, diletantes, gente do mundo da lua, pois longe, muito longe, estava o ressurgir mágico da vesperata, a campanha vitoriosa para a outorga do título de Patrimônio Cultural da Humanidade e toda a inexplicável trajetória de uma cidade que, à semelhança de fabulosa Fênix, deixou-se arder na fogueira dos descasos para renascer das cinzas e fulgurar em brasa viva a autoestima de seu povo.
Os anos que se seguiram às grandes conquistas diamantinenses serviram para que a cidade amadurecesse e tomasse consciência dos novos destinos que se lhe descortinavam. Cabeças abertas, visionárias e pensantes teriam de emergir com a mesma pujança de uma Diamantina que recuperava sua antiga condição de polo universitário, turístico, de saúde e de serviços de uma vasta região. Prefeitos à altura desse novo status sobressairiam como bons gestores e ocupariam, consequentemente, o grande vazio político do Vale do Jequitinhonha. Mal e mal essa evolução começou a deslanchar, num triste acidente de percurso, elegeu-se um prefeito populista, demagogo, clientelista, cujo discurso messiânico iludiu a maioria dos eleitores. Nas últimas eleições, entretanto, apesar de usar descaradamente a máquina do poder e de falsas promessas, mais da metade do eleitorado diamantinense deu um basta à própria ingenuidade, derrotando nas urnas o ex-prefeito não reeleito de Três Marias.
Continua na Voz de Diamantina Edição 593 de 22 de dezembro de 2012
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