“A Solução Patafísica”, romance, o novo livro de Paulo Amador.
Chega às livrarias, em dezembro, o novo romance de Paulo Amador, “A Solução Patafísica”, livro que coloca em espaço de sátira um tema que vale por um desafio: Deus transformado em mercadoria pelos teólogos da prosperidade. A obra, ainda inédita e com um título provisório – “Mau poeta, bom elefante” – foi vencedora do Prêmio Nacional de
Literatura Cidade de Belo Horizonte em 2004. E promete surpreender o leitor com algumas daquelas virtudes de artesania, que têm sido enfaticamente destacadas pela crítica em obras anteriores de Paulo Amador. A linguagem elegante e límpida, veloz e sintética. O humor bem calibrado, ferino e cáustico. O espírito, literariamente alegre e anticonvencional, aplicado à transfiguração fantástica da realidade.
Isaías Ravasco, personagem esquizofrênico e herói do livro, vê desfilar diante de sua mente alucinada a história do povo brasileiro na segunda metade do Século XX. Mas ele não se considera um mero espectador. Ele se vê como ator principal. Ele é quem promete garantir a posse de JK na presidência da República. Ele é quem sufoca a rebelião militar de Jacareacanga. E é por causa de sua amizade com Jango – a quem apresenta um plano de salvação nacional que inclui o combate às saúvas e a melhoria dos serviços telefônicos – que os militares deflagram a Revolução de 64.
Internado num sanatório , Isaías vê a passagem dos anos de chumbo da ditadura militar, enquanto ensaia a volta à vida e novos planos para salvar o Brasil. Mas, ao deixar o hospício, com fama de doido já assegurada e um diploma de Patafísico, ele já não se preocupa mais com as formigas e a telefonia ruim. Agora, o alvo de sua ira esquizoide são os mistificadores da fé, as seitas religiosas que vendem a peso de ouro a fórmula mágica da salvação das almas e dos corpos. E no desenrolar dessa luta, Isaías se vê envolvido em vários assassinatos, na realização de profecias, no reaparecimento de velhos fantasmas e uma desastrada história de amor. Literatura densa e divertidíssima.
Sobre Paulo Amador:
Paulo Amador, mineiro de Diamantina, é jornalista, com passagens pelos principais veículos de comunicação do País (“Estado de Minas”, “Tv Itacolomi”, “Veja”, “O Globo”, “Jornal do Brasil”, “Tv Educativa”, “Manchete” e outros). Sua obra, sempre aclamada pela crítica, já conquistou inúmeros prêmios, entre os quais o da União Brasileira de Escritores, para contos (1971); Prêmio Remington de Romance (1976); Prêmio Guararapes de Contos (1987); Prêmio de Contos do Clube do Livro (1987); e Prêmio Nacional de Literatura, Cidade de Belo Horizonte, para romance, (2004). Em cada uma de seus livros, inovadores sobretudo na utilização de uma linguagem de fim de século, com experimentalismos sobre fôrma e moldes do discurso realista, a crítica tem destacado dois componentes altamente sedutores: a riqueza de sua textura literária, e a facilidade da leitura.
Entre seus quase vinte livros já publicados destacam-se: “Cascos de Tartaruga para o Exército Inglês” (Contos, Ed.Comunicação). “Os leões estão cercados” (Romance, Ática). “Quem matou Buck Jones” (Romance, Civilização Brasileira). “Pastoral de Rua” (Romance, José Olympio). “Rei Branco, Rainha Negra” (Romance histórico, Lê). “O primeiro tango da viúva” (Romance criminal, Notrya). “A lógica estelar de MM” (Contos, Agir). Bento Munhoz (Ensaio, Francisco Alves).
A crítica fala sobre seus livros anteriores:
“... o romance "policial" de Paulo Amador requer, antes de mais nada, o detetive capaz de decifrar-lhe o código, tanto mais saboroso quanto mais discretamente dissimulado nos episódios." Wilson Martins.
“... antes de tudo, um escritor; um homem que sabe que hoje é impossível criar um romance, esquecendo-se de que ele é, prioritariamente, uma obra de arte de linguagem." Franklin de Oliveira.
“O espírito, literariamente alegre e anticonvencional, de Chesterton, perpassa pelo romance, com palavras e símbolos que fazem lembrar um posicionamento cultural, a filosofia espiritualista da Patafísica...”Antônio Olinto.
"... artesão insaciável, meticuloso. Exato. É sua vida inteira que ele põe no que escreve. Exige de si, com rigor, obstinado rigor."Antônio Carlos Villaça.
“Definitivamente, com Paulo Amador a Literatura não é show-bizz, a chatice é um pecado mortal, e os macacos da arte têm muito o que aprender." Jair Ferreira dos Santos
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