sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Leia nesta semana na Voz de Diamantina

Capa (35)O renascimento deste jornalzinho do Pão de Santo Antônio em julho de 2002, como parte das comemorações dos 100 anos do asilo criado pelo benemérito Zezé Neves, coincidiu com uma nova e exuberante fase de conquistas que a até então perdedora Diamantina nem de longe vislumbrara. Assim é que este enxerido escrevinhador que se meteu a jornalista pôde tecer loas a este velho e respeitável burgo sem nenhuma sombra de pudor. Pela simples razão de que a cidade foco de seus enaltecimentos despertava de longo período de torpor, qual fênix a emergir gloriosamente das cinzas como Patrimônio Cultural da Humanidade distinguido pela hospitalidade de sua gente, pelo palpitar espontâneo da musicalidade e pela saciedade do conhecimento que a criação de uma universidade lhe prometia. Inumeráveis editoriais desta voz solitária e já enrouquecida exaltaram as profundas e notáveis transformações por que a cidade passava, alimentadas pela onda de autoestima que, de início, apenas excitou a altivez do diamantinense, para, em seguida, espraiar-se por becos, esquinas e ladeiras a reabastecer de nova e inextinguível riqueza seus exauridos cascalhos e grupiaras.

Tais digressões vêm à tona misturadas com o sentimento de que Diamantina, cantada em prosa e verso pela sua cultura, musicalidade e potencial turístico, está perdendo o bonde da história. Em lugar da animação de uma década atrás, quando empresários, intelectuais, artistas e o poder público investiam numa cidade cujo encantamento crescia na mesma proporção dos cuidados que lhe eram dispensados, aumenta a percepção de que ainda há muito que fazer e - mais ainda - do que não se fez. Diamantina mais parece hoje uma linda e atraente mulher que se descuidou da própria elegância.

Início do editorial da Voz de Diamantina - Edição 641, 23 de novembro de 2013

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