domingo, 12 de outubro de 2014

Divagações ou delírios

Antenor José Figueiró – antenor.figueiro@ig.com.br

Precisei destes dias para reorganizar ideias, sonhos, sentimentos, decepções, ações e frustrações.

Mesmo não tendo títulos, minha formação intelectual deu-se através de muita leitura e frequente transito pela filosofia sócio-política.

Há 3 anos atrás percorri caminho rumo a um cargo eletivo (vereador), sem muita dificuldade sonhei alto, uma vez que associado ao meu estilo falante, entrei em milhares de casas, fiz inúmeras amizades, pois além de não concordar, não tinha dinheiro, para uma mega campanha (propaganda volante, outdoor, panfleteiros), apenas o corpo a corpo.

Fiel aos meus ideais e aos meus 75 eleitores, a partir de abril de 2013, intensifiquei minha atuação em nossas comunidades rurais, semeando o nome de Rômulo Viegas. Este sim foi um verdadeiro e eletrizante voo. Neste momento já não bastava apenas visitas, com infindas conversas ao redor do fogão a lenha até altas horas, regadas a queijo assado na brasa, leite com rapadura queimada, biscoito frito e tantas outras guloseimas que aconchegam e estimulam desabafos, confidencias das mais diversas formas e fórmulas de um povo que se aprisiona a uma cultura não mais imaculada, herdada de várias gerações que já trazem consigo perdas de sua identidade e valores, que me renderam 299 votos (Rômulo).

Envolvido pelas relações humanas, por lugares bucólicos, paisagens maravilhosas, outras judiadas, potencialidades e necessidades, não percebi que primeiro, espero que as pessoas vivam o meu sonho e segundo, que talvez estas pessoas me identificam muito mais como um amigo (confidente) do que como um representante.

Mas a política é um vício, ela incomoda, excita, irrita. Como não se emaranhar em tantos desencontros dos desequilíbrios que assolam uma comunidade?

Estamos no século XXI, informações pipocando por todos os cantos e aparelhos, Diamantina já não nos pertence, é do mundo. Mas como ainda cultuamos uma mentalidade provinciana, engessada, que se sustenta em momentos e atitudes pontuadas?

Já em alguns meses o carnaval de 2015 vem sendo divulgado e vendido. Quanto tempo, energia e dinheiro (estima-se algo em torno de R$1.700.000,00) desprendido e se olharmos a nossa volta quantas milhares de deficiências nos incomoda? Como por exemplo, a banda de São João da Chapada existente desde 1820, que está em vias de paralisar suas atividades por falta de um professor regular para mantê-la viva, para afastar do álcool e das drogas seus jovens, preservar nossa verdadeira cultura, pois seus primeiros integrantes foram 20 jovens escravos.

Na minha vã ignorância, um destino turístico para ser bem sucedido tem de ser fiel aos seus princípios, à sua cultura e peculiaridades, não pode ser algo mascarado e maquiado.

Tudo e todos têm seu espaço, o que é necessário é encontrar o equilíbrio, é a conjugação de valores financeiros que viabilizem o lúdico e a preservação e difusão de nossa cultura.

Desperta Diamantina! Quem disse que esta banda, este povo não merece?

É prudente copiarmos a campanha que revitalizou os sinos de nossas igrejas, para que juntos com Maria Faraildes de Miranda possamos amparar esta banda e porque não mostrarmos para o mundo, como disse Aires da Matta Machado Filho: “A textura e a riqueza do folclore e da música de São João da Chapada foram retratados através desta banda” em apresentações na Vesperata, para assim buscarmos programas para combater a grave situação sócio econômica em que se encontra a região de São João da Chapada.

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