Fonte: Patrícia Kogut, no O Globo
Estreia da Globo na semana última terça-feira, “A cura” pareceu acenar com a solução de uma equação que aflige a TV brasileira: a da equivalência com a qualidade dos seriados americanos, mas com personalidade, sem copiar. Ambientado em Diamantina e com forte sotaque mineiro (na fala, na luz, no ambiente), o primeiro episódio eletrizou, para dizer o mínimo.
João Emanuel Carneiro (que trabalhou com Marcos Bernstein) e Ricardo Waddington, parceiros de “A favorita”, deram um passo à frente na sua sintonia. O resultado foi um texto bem-construído e interpretado com ritmo e direção de atores exata. Os temas — suspense e paranormalidade — são armadilhas em si, pedem uma leitura precisa para que a história não se arraste nem seja breve demais e sacrifique a compreensão. Isso aconteceu.
O elenco é outro forte. Selton Mello, econômico, mas sem afetação, não sobe um degrau para viver Dimas, personagem que parece explodir de angústia. Andréia Horta já provou, em “Alice” da HBO, do que é capaz e, de novo, brilhou. O mesmo vale para Nívea Maria, Caco Ciocler, Ary Fontoura, Carmo Dalla Vecchia e Inês Peixoto, atriz espetacular que faz Edelweiss.
“A cura” foi original ao eleger a fofoqueira da cidade, Nonoca (Eunice Bráulio), para apresentar a trama. E arriscou ao expor os interiores humanos com uma elegância impressionante. Promete, como aconteceu com “A favorita”, trazer algo realmente novo para a televisão.
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