Fonte: UFMG, com dica do Micuim
O Brasil tem se firmado como país em franco desenvolvimento, com taxas de crescimento econômico anuais significativas. Essa expansão se reflete também na mesa da maioria da população que consome alimentos em maior quantidade e variedade. Mas ainda existem grupos alijados das mudanças, mais evidentes nas metrópoles, submetidos a uma alimentação carente de nutrientes.
Este quadro pode ser confirmado por meio da pesquisa Zinco plasmático e zinco capilar, antropometria e consumo alimentar de crianças em uma região rural do Brasil. Coordenado pelo professor Mark Beinner, na época pós-doutorando na Faciuldade de Medicina e hoje professor da Escola de Enfermagem da UFMG, o estudo constatou insuficiência de zinco em crianças de 6 a 24 meses, residentes da região de Diamantina, em Minas Gerais.
A pesquisa avaliou a concentração de zinco plasmático, zinco capilar e as medidas antropométricas de 176 crianças de Diamantina, incluindo oito de seus distritos rurais (São João Chapada, Sopa, Conselheiro Mata, Desembargador Otoni, Planalto de Minas, Senador Mourão, Mendanha e Inhaí). Dados da pesquisa demonstraram a insuficiência do mineral plasmático em 11,2% e do capilar em 16,8% dos avaliados. Outras conclusões do trabalho apontam que 8% das crianças apresentam baixo peso, 6,8% têm pouca estatura e 3,4% são emagrecidas.
O uso conjunto de taxas de concentração do zinco e de medidas antropométricas foi necessário porque, segundo registram os autores, a criança que possui insuficiência de zinco não é, necessariamente, aquela que apresenta quadro de desnutrição. Como explica o especialista, essa carência se enquadra nas deficiências nutricionais do tipo fome oculta, só verificadas por meio de exames mais aprofundados, como o de sangue.
“O indivíduo pode consumir muitos alimentos ricos em carboidratos e gorduras e ganhar peso. No entanto, ele pode ter anemia e outras carências micronutricionais e não saber”, exemplifica.
Diferenças
Segundo Mark Beinner, a diferenciação da concentração do zinco em plasmático e capilar foi feita porque cada uma fornece informação diferente. O plasmático, aponta o especialista em nutrição, oferece o nível de zinco atual. Já o capilar demonstra como se deu a variação da concentração do mineral no organismo por um longo período.
Quanto ao local escolhido para a investigação, o pesquisador esclarece que a escolha foi motivada por questões pessoais e profissionais. “Na época, eu morava em Diamantina e sabia de uma significativa carência de ferro na população, devido a um estudo maior que avaliou o uso de um pó nutritivo que pretendia tratar os portadores de anemia ferropriva”, relata. Somado a isso, esclarece Mark, está o fato de a região escolhida ser pobre, contar com baixo nível de desenvolvimento socioeconômico e pouco investimento por parte do poder público na melhoria de vida dos cidadãos, o que propicia condições favoráveis para uma nutrição inadequada.
Embora esses números mereçam atenção, Mark destaca que eles não são considerados graves pela Organização Mundial de Saúde (OMS). “Segundo a OMS, a deficiência de zinco só se caracteriza como problema de saúde pública quando acomete mais de 20% da população”, afirma.
Zinco
O consumo do zinco é essencial para a constituição do organismo, pois esse mineral tem importante papel no metabolismo celular. Ele se relaciona diretamente com a manutenção de um estado normal das funções imunológicas e também com o desenvolvimento corpóreo, daí sua acentuada importância na alimentação infantil.
Sua carência, sobretudo em crianças, pode provocar diarreias e, consequentemente, perda excessiva de minerais pelas fezes. No entanto, como aponta a pesquisa, a verificação das taxas desse nutriente por meio de estudos acontece de forma tímida, e são insuficientes os dados disponíveis a esse respeito.
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