Fonte: Programa Ação,Serginho Groisman -TV Globo
Diamantina deixou a sua marca na Estrada Real e na história com a produção das pedras mais valiosas do mundo. Os diamantes fazem parte do imaginário popular até hoje. “O caminho hoje faz parte da Estrada Real, é o marco zero da Estrada Real, a parte do caminho dos escravos aqui em Diamantina. O caminho dos escravos é o único local no qual as pessoas colocaram esse nome uma forma de homenageá-los porque aqui muitos escravos morreram de tanto trabalhar”, explica Paulo Antônio de Almeida, historiador.
“O calçamento foi construído, a idéia foi de Manoel Ferreira Câmara. Ele construiu com o intuito de facilitar o acesso das pessoas escravas que trabalhavam nos garimpos, com o intuito de chegarem com mais facilidade às minas diamantíferas em Mendanha, distrito de Diamantina localizado aproximadamente a 30 quilômetros. O período foi o final do século dezoito, início do século dezenove. Período de aproximadamente quinze anos”, diz o historiador.
“O sonho deles era a alforria, então muitos deles conseguiam ali desviar alguns diamantes. Quando eles tinham oportunidade, eles escondiam diamantes. Existem muitas lendas, causos de pessoas contando que os escravos escondiam diamantes, tesouro, debaixo dessas pedras. Muitas pessoas vinham aqui, começavam a desmanchar o calçamento, não encontravam nada”, completa.
“Há três séculos atrás estiveram aqui cerca de dez, doze mil escravos, todos tirando diamantes, milhares e milhares de quilates que abasteceram Portugal, Holanda e Inglaterra, até hoje eles são encontrados e olha a preservação desse lugar”, comenta o garimpeiro, Belmiro dos Santos.
“Quem tinha autorização para minerar eram os escravos, eles estavam aí sob comando da coroa, mas sempre tinham aqueles homens que buscavam esse mineral de uma maneira ilegal, então, quando eles estavam aí nos cursos d’água procurando essas pedras maravilhosas, eram flagrados pela polícia.”
“O diamante é encontrado em toda a região de Diamantina. Todas essas formações que vocês estão vendo aí são formações de quartzito. Isso vem sofrendo erosão pelo tempo, há milhares de anos.”
“Nós acreditamos que em todo o rio rico de Diamantina tem uma lavra de massa na cabeceira, ou seja, essa massa é um material vulcânico que deu origem aos diamantes aqui da região”, completa o garimpeiro.
“Esse rio tem formações muito curiosas, que chamamos de caldeirões, alguns aqui tem quatro metros de profundidade. A correnteza chega, traz o material diamantífero, a força da água movimenta esse material, tira do caldeirão a parte leve e mantém lá no fundo o que é mais pesado. Por isso a chance de encontrar diamantes em lugares como esse.”
“Esse sistema aqui é o que a gente chama de peneirada, bater peneira. Isso faz com que o que é mais pesado vá para o centro e para o fundo da peneira, aí a gente tem possibilidades de encontrar o diamante.”
“Aqui é preciso fé, paciência e persistência... E além de tudo, sonho. Porque isso daqui não deixa de ser um jogo. E eu sempre digo o seguinte. Que a diferença desse jogo nosso para o jogo tradicional é que lá se usa ficha. E aqui é o nosso tempo. É a nossa vida que está em jogo. Eu não sou de hoje. Se eu continuo aqui é porque eu encontro diamantes de vez em quando.”
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