Dizem que no começo do século 18, os moradores do antigo Arraial do Tijuco usavam diamantes para marcar o jogo de cartas. Talvez a história não seja só lenda, já que naquela época, o povoado, que daria origem a Diamantina, despontava como maior produtor da mais valiosa das pedras em todo mundo. Nos dois séculos seguintes, estima-se que cerca de duas toneladas de brilhantes saíram dos rios e das grupiaras de garimpo da região, riqueza tamanha que engordou os cofres de Portugal e fez surgir uma das maiores jóias do período colonial do Brasil. A própria Diamantina é uma grande pedra rara. Como se na imensidão dos morros escuros de quartzito cobertas pela vegetação de cerrado, os sobrados brancos de janelões coloridos e as torres pontiagudas das igrejas barrocas ressaltassem na paisagem feito o brilho de um diamante oculto no cascalho do Ribeirão do Guinda, onde até hoje há quem bata peneiras para tentar a sorte.
A comparação com Ouro Preto é inevitável. Todo mundo que chega faz. É fácil constatar que Ouro Preto tem museus e igrejas bem mais ricas, além de oferece melhor infra-estrutura turística, com mais variedade de pousadas e restaurantes. Mas é fácil concluir, que Diamantina é bem mais autêntica. Pelo menos, ainda não foi contaminada pelo turismo de massa, apesar da relativa fama que goza. É uma das seis cidades brasileiras que pertencem a seleta lista de Patrimônio Mundiais da Humanidade reconhecidos pela Unesco em 1999. Mesmo assim, não há ônibus de excursão estacionados, nem grandes grupos armados de câmeras fotográficas, só um ou outro casal passeando de mãos dadas observando os sobrados. Diamantina ainda não despertou do passado e segue no presente quase exclusiva de seus próprios moradores. São praticamente deles as mesas dos bares da Rua da Quitanda, a feira no antigo mercado aos sábados pela manhã e os bancos da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, cujo som ambiente vem da Ave Maria rezada em coro pelas beatas seja qual for a hora do dia.
Muito Bôa reportagem!
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