Fonte: Natália Carvalho, no site da UFMG, com dica do Micuim.
Caminhadas matinais pelos campos de Biribiri, distrito de Diamantina, com observação atenta do canto dos pássaros que habitam a região, resultou em vasto material sonoro que será apresentado hoje, às 20h30min, no Teatro Santa Izabel.
A instalação sonora é fruto do projeto realizado pelo grupo de trabalho Cantos do Cerrado, da Casa dos cantos e da escuta, que exibe, editado, o material recolhido nas gravações do som ambiente.
Convidado pela organização do evento, o músico e biólogo Ivan Mortimer, que já havia desenvolvido estudos relacionados à ornitologia (estudo dos pássaros) com foco no canto das aves, assumiu a coordenação do grupo e idealizou o plano de trabalho.
“A intenção é ampliar a percepção que as pessoas têm dos cantos. Nós, que moramos nas cidades, não desenvolvemos a capacidade de perceber os sons dos pássaros, de identificar as espécies pela audição, habilidade que é construída pelos índios e moradores de regiões rurais”, explica. O biólogo pondera que o trabalho é na verdade uma iniciação: “A escuta é um treino para a vida toda”.
Durante o Festival, ele trabalhou com um grupo de quatro participantes, que durante oito dias enfrentou as baixas temperaturas de Diamantina, a partir das 5h da manhã, para se dedicar à prática de percepção sonora.
A descendente indígena Ramone Rodrigues, que cursa Lincenciatura Intercultural para Orientadores Indígenas na UFMG, participou do grupo e da produção das gravações. Ela reconhece que o ritmo de vida das cidades a impede de desenvolver práticas usuais para sua família, como ouvir o canto dos pássaros e diferenciar as espécies. “Participar do grupo de trabalho foi uma oportunidade importante para mi. Ouvi cantos que eu já conhecia, mas aos quais nunca havia dado atenção.”
Gravação e difusão sonora
Além da instalação do Cantos do Cerrado, foram montadas, para apresentação no Teatro Santa Isabel, as instalações do grupo de trabalho Gravação e difusão sonora também veiculado à Casa dos cantos e da escuta, que trabalhou com a gravação das atividades da Casa, confrontando as referências auditivas usuais às indígenas, na tentativa de deslocar os ouvidos do público em busca daquilo que é ouvido pelos índios.
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