Autor: Joaquim Ribeiro Barbosa - “Quincas”
O FESTIVAL DE INVERNO DA UFMG EM DIAMANTINA
Mesmo ao ver Diamantina prodigamente bafejada por conquistas com que a maioria de seus moradores já nem sonhava, ainda me ponho a matutar como tais e tantas benesses nos chegaram sem que tivéssemos lideranças políticas que lutassem por uma cidade tão castigada, espoliada e desdenhada desde os tempos coloniais. Como não nos surpreendermos com o resgate da nossa antiga condição de polo desenvolvimentista de uma vasta região, com a outorga do título de Patrimônio Cultural da Humanidade e com a rápida e definitiva substituição de um veio econômico intrinsecamente extrativista por importante e crescente fonte de pesquisa, de saber e de conhecimento? Estas divagações me vêm a reboque do 44º Festival de Inverno da UFMG, que mais uma vez se realiza em Diamantina. Custa-me acreditar que esse inigualável filão de cultura foi banido de Ouro Preto para se instalar na provinciana e conservadora Diamantina que mais parecia nem pertencer ao mundo de 30 anos atrás. Para surpresa geral e pleno acumpliciamento da natureza que, no distante 1º de julho de 1981, envolveu a cidade numa bruma persistente e fria que prevaleceu até o último dia do mês, induzindo Diamantina a desvirginar-se e se entregar muito faceira e quase nada pudica aos irresistíveis chamamentos do mais cultural dos eventos de inverno já produzidos no país. Não é, pois, exagerado afirmar que o Festival de Inverno da UFMG foi o precursor de uma Diamantina que, em solitário repouso na Serra do Espinhaço, seria então descoberta por um Brasil que a esquecera como se fosse um nicho empoeirado e carcomido da história.
Inspirado no lema “O bem comum” o evento propõe o diálogo entre os saberes tradicionais e acadêmicos, por meio da troca de conhecimentos das culturas indígenas, afro-brasileira e popular. Ou seja: o Departamento de Comunicação Social da UFMG se põe a mexer no caldeirão étnico cuja mistura de raças, de saberes e de fazeres transcorreu num pequeno arraial que, transformado no famoso Distrito Diamantino, com demarcações, quartéis e forte aparato de fiscalização e arrecadação, parecia garantir à Coroa Portuguesa todo o poder e, à Colônia, toda a sujeição. Para recriar esse ambiente, nada melhor do que servir ao público local e acadêmico a naturalidade de um povoado cujos tortuosos becos, praças e ruelas dão a impressão de que subiram pelas grupiaras ao sabor do fado, do canto das senzalas, de cochichos entre sinhás e mucamas que escreviam a saga de um país em construção.
Continua na Voz de Diamantina Edição 570 de 14 de julho de 2012
Confira nesta edição:
- Balaio de pitacos
- Campanha Sino do Mendanha
- O mais novo lixão do prefeito lambão
- O custo de executivo e legislativo em Diamantina
- Programa Luz Inteligente
- Faltam docentes para as federais
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