Autor: Joaquim Ribeiro Barbosa - “Quincas”
Nas minhas lembranças, o Domingo de Ramos sempre amanheceu radiante, de céu azul e de ventos já se despedindo do verão. Neste ano, porém, a Enchente de São José, que nunca falha, mas apenas antecipa ou adia seus aguaceiros, chegou mansa e com alguns dias de atraso. O que, aliás, é muito normal. Não poucas vezes já vimos suas águas descerem antes ou depois de 19 de março, dia do santo que lhe empresta o nome. Neste domingo em que o evangelho narra a chegada festiva de Cristo a Jerusalém montado em um jumentinho, Diamantina forrou algumas ruas com ramos verdes para louvar e bendizer o Senhor e exclamar paz no céu e glória nas alturas. O tempo estava fechado. A Serra do Cruzeiro, ainda meio coberta de névoa, salpicava de verde as reentrâncias de terra arenosa que, mesclada ao pedregulho e à penedia, compõem a deslumbrante moldura da cidade. Muita gente subia a Rua da Glória. A Procissão de Ramos sairia do Colégio Diamantinense. Um altar fora erguido no alto da rampa de acesso ao educandário. Folhas de palmeiras engalanavam parte da rua, a entrada e o amplo adro em que alunos, mestres e amigos da instituição, muitos trajando vestes bíblicas e portando cartazes exaltando a festividade, se posicionavam para assistir ao início da missa que seria concluída na catedral. Apesar do chuvisco que começou a cair, guarda-chuvas abertos se misturavam a estandartes, remos e outros apetrechos da ala de apóstolos caracterizados, criando uma diferente coreografia processional.
Além da afirmação de que moramos em uma cidade de muita religiosidade, diz-se também que ninguém nela vive impunemente. Ouso acrescentar que nada se passa neste velho e singular burgo que não tenha algum oculto e virtuoso sentido. Nas margens da procissão, ouvi o comentário de que os vários e mútuos pedidos de impugnação às candidaturas para as eleições de 7 de abril não tinham prosperado na Justiça Eleitoral (leia na pág. 05 desta edição). Uma notícia como essa, comentada em meio a uma cerimônia que dá início à Semana Santa, me pareceu providencial - com todo o simbolismo que este termo encarna. Realizava-se a encenação de episódios que se firmaram, atravessaram os séculos e ganharam o respeito do mundo. Providencial era, portanto, uma decisão judicial que chegava a Diamantina nos últimos dias da Quaresma. Tempo de reflexão também já muito próximo da Páscoa
Continua na Voz de Diamantina edição 607 de 30 de março de 2013
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