Confesso que desde a procissão da Ressurreição fiquei meio pessimista com o brilhantismo do Corpus Christi. Mesmo sabendo que ao ser celebrado na quinta-feira seguinte à Santíssima Trindade que, por sua vez, é festejada no domingo seguinte ao Pentecostes, esta grande manifestação de fé da cristandade é o coroamento de um tripé que sustenta toda a doutrina e espiritualidade da Igreja. Meu temor, e de grande parte da população, era de que, mais uma vez e em tão curto espaço de tempo, as aragens baloiçassem as ricas colchas e toalhas que ornamentam as janelas e sacadas deste velho e respeitoso burgo e repetissem seu tristonho suspirar pela ausência dos tapetes de serragem colorida com que o diamantinense sempre forrou seu chão de pedras para a passagem da procissão de Corpus Christi.
Mas tal felizmente não ocorreu. E a própria luminosidade do céu, quase sempre muito limpo e azul nessa quinta-feira tão especial para a Igreja, parecia anunciar que os imponentes casarões da festeira e religiosa Diamantina jamais voltariam a testemunhar qualquer sinal de desgaste de tão belos e ancestrais costumes. Assim é que amanheceu um dia muito bonito, daqueles que tão bem caracterizam a chegada do inverno em Diamantina, quando as pessoas ora procuram o sol e ora fogem de seu calor, para, em seguida, correrem para a sombra, mas dela escapulirem arrepiados de frio. Mas o que contava mesmo, chamava a atenção e fazia brotar nos rostos largos sorrisos de aprovação eram os bonitos e tradicionais tapetes de serragem colorida. Eles se estendiam da porta da Catedral Metropolitana ao adro da Basílica do Seminário. Não com a palidez de quem retorna ressabiado, timidamente. De espaços em espaços, artísticos e bem elaborados medalhões exibiam com absoluta fidelidade a rica simbologia do cristianismo em forma de pães, de cachos de uva, de cálices e objetos litúrgicos com que, desde o final do século XIII, se reverencia solenemente o memorial do Corpo de Cristo.
Início do editorial da Voz de Diamantina - Edição 672, de 28 de junho de 2014
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