As comemorações do centenário de nascimento de Juscelino Kubitschek (1902-1976), concentradas neste mês, atingem seu ponto alto hoje em Diamantina, cidade onde nasceu. Um dos políticos mais festejados da história brasileira, JK receberá homenagens em um palanque eleitoral. O governador de Minas Gerais, Itamar Franco (sem partido), vai agraciar personalidades que julga ser de destaque no país, entre eles o presidenciável do PT Luiz Inácio Lula da Silva e o candidato ao governo mineiro Aécio Neves (PSDB). As medalhas levam o nome do ex-presidente.
Os candidatos à Presidência Ciro Gomes (PPS) e Anthony Garotinho (PSB) também vão a Minas hoje. Ciro fará sua homenagem ao ex-presidente com um showmício hoje à noite em Araxá. Garotinho, que vem citando Juscelino em seu programa de TV, fará campanha na região de Belo Horizonte. José Serra (PSDB) não vai a Minas, mas cita JK quando fala de gerar empregos. A homenagem tucana será a oficial, do Fernando Henrique Cardoso no Palácio da Alvorada.
Em Minas, Itamar também reabrirá a Escola Estadual Júlia Kubitschek com honras militares, quando será devolvido à instituição o painel de Di Cavalcanti, restaurado pela a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que abrigará também uma exposição de fotografias do ex-presidente. As homenagens a JK não param por aí: ele vai ganhar uma grande galeria no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, o que promete ser a maior homenagem do gênero. "Com certeza é a maior. Reunimos, além da parte de documentos e objetos pessoais, filmes sobre JK", diz a curadora da exposição Cristina Ávila.
Dentre os filmes que serão projetados na galeria, há o primeiro documentário sobre Brasília, encomendado pelo próprio JK e dirigido pelo francês Jean Manzon. Segundo a curadora, o filme foi exibido, na época, nos cinemas, para acabar com o "boato" de que o presidente não estava construindo capital alguma.
A mostra do Palácio das Artes terá também atrativos como peças do acervo de arte de JK e material das campanhas do político, reunidos com o apoio de 20 instituições. O Museu Histórico Abílio Barreto segue com a exposição Juscelino Prefeito, que teve início em abril. Além dos eventos, as homenagens continuam na sexta-feira, com shows e exposição de dois automóveis - um Cadillac de 1941 e um Packard 1937, ambos usados pelo ex-presidente em suas atividades políticas.
Partidários e adversários têm uma única definição sobre a trajetória de Juscelino: nunca houve outro presidente como ele. Habilidoso, inteligente, gentil, admirador das artes e progressista são alguns dos elogios proferidos a JK. Os adversários podem até fazer ressalvas, mas não negam o talento e o carisma do presidente.
Prova disso é o uso de sua imagem nas campanhas políticas. Para a professora de história da PUC-Minas, Lucília de Almeida Neves, o mito em torno dele foi criado porque ele foi o único presidente brasileiro a conseguir conciliar desenvolvimento com democracia. "Os outros momentos de desenvolvimento do Brasil foram no governo de Getúlio Vargas e nos militares, ambos em ditaduras", destaca.
Ela lembra ainda que o ex-presidente simboliza a idéia de liberdade, democracia e progresso. "As pessoas se transformam em mito porque criam em torno de si uma simbologia e, no plano material, porque concretizam o que prometeram."
A professora lembra ainda que Juscelino se enquadra nisso "porque viveu em compasso com o seu tempo". Os eventos são todos promovidos pelo Governo Estado e pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte.
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