Autor: Joaquim Ribeiro Barbosa - “Quincas”
Há mais de ano, era voz corrente que o padre seria reeleito. Ele próprio, quando indagado a respeito, respondia triunfalmente: sim, sou candidato e vou ganhar! Daí é que todo mundo repetia: de padre Gê ninguém tira esta vitória. E havia razão para tal prognóstico. Além do poder da máquina administrativa, o reverendo-alcaide acumulou fabuloso crédito das centenas de empregos com que abarrotou a engrenagem pública. Parentes, eleitores, aliados ou até mesmo frouxos adversários políticos foram sendo aboletados na prefeitura; os que lhe externavam mais devoção, em secretarias ou cargos bem remunerados; a maioria, sem concurso público, no velho e viciado clientelismo. O que essa multidão de protegidos descobriu (ou já sabia) é que não existe almoço de graça. Eles, seus filhos, parentes, cônjuges e amigos seriam cobrados nas eleições. De infinito potencial, essa poderosa e humilhante arma, também conhecida pela alcunha de cabresto, subjuga os apadrinhados que, temerosos de perder empregos, curvam-se e lambem as mãos do seu generoso dono e senhor.
Mas isso constituía pequena parte do arsenal antiético do pseudoreverendo. Trunfo maior do que as centenas de apaniguados na folha de pagamento era o caráter lambão de seu mandato. Grandes empresários, proprietários de áreas especulativas, comerciantes informais, construtores, vendedores ambulantes - todo e qualquer relapso cidadão sem nenhuma preocupação com os rumos da cidade viu no padre seu grande e confiável protetor. Sua reeleição seria a garantia da conivência da fiscalização, da desobediência às normas do plano diretor e do desrespeito a tantos outros ordenamentos inerentes às cidades bem administradas. E ainda havia a tentativa maldosa de João de Nico de dividir a cidade em pobres e ricos. Ocês rico num gosta de padre Gê; os pobres é que vai eleger ele outra vez, repetia o mambembe radialista - numa linguagem propositalmente errada - para vender seu peixe. A reforçar essa matreirice do irmão, quanto cafezinho, quanta cachacinha e quanta colher de farofa o populista reverendo filou nos pobres casebres da periferia. Com ares paroquiais, ele se aproveitava da honra com que a gente humilde e temente a Deus recebe a visita de um sacerdote em seus miseráveis lares. Daí seu apego ao nome-fantasia padre Gê.
Continua na Voz de Diamantina Edição 583 de 13 de outubro de 2012
Confira nesta edição:
- Balaio de Pitacos
- Os candidatos de Deus
- Parque Estadual do Rio Preto está aberto à visitação
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Adorei Quincas. Muito bom Fernando Gripp.
ResponderExcluirCom sempre sábias palavras da Voz de Diamantina.
Dois pontos sensacionais desse pedaço do editorial: o 1º sobre os cargos de confiança. A meu ver, esses sempre deverão existir, afinal o Prefeito precisa se cercar de pessoas da sua confiança, com conhecimento técnico e político. Mas o Quincas se supera a cada editorial e nesse não foi diferente, ao falar sobre os frouxos adversários políticos aboletados na prefeitura. FALOU TUDO! O 2º ponto alto do editorial é a forma populista usada pelo prefeito Gê para conquistar o povo. Com certeza estocou em sua casa muito antiácido, pois haja cachacinha, café e farofa para ter pouco mais de 11 mil votos.
Ass. Samuel Procópio