Fonte: publicado no interessante blog Atenas do Norte. Clique aqui para ler esta e outras histórias.
Quem diria? – O pitoresco Bairro do Rio Grande, onde hoje, se cuida da vida espiritual dos homens e se prodigaliza a caridade aos velhinhos desamparados, justamente ao alto da rua do Areão, era o ponto em que, nos antigos tempos de Diamantina, se executavam os infelizes condenados á morte.
Ainda há poucos anos, encontravam-se, ali, dois tocos dos postes do tringulo da forca.
Contavam os nossos antepassados as cerimônias impressionantes que precediam á cena horrível do enforcamento aterrador.
Precedia-na, pela manhã, na velha Sé, a missa em que o sentenciado recebia a sagrada comunhão.
Após a missa, formava-se o prestito fúnebre de um vivo-morto, composto da Guarda Municipal e do Destacamento Policial, de autoridades judiciais, conduzindo em direção ao local da forca, o condenado, vestido de túnica branca dos sentenciados, já com o laço da corda ao pescoço, e acompanhado pelo caixão mortuária, carregado á cabeça de outro sentenciado.
Seguia-no o Vigário da Paróquia, revestido de sobrepeliz e estola preta; o carrasco, que vinha especialmente, de Ouro Preto; e a banda de música local, que executava, durante o percurso, alguns trechos de uma marcha fúnebre, comovente e impressionante.
No local, a execução do condenado constituía a tragédia mais compungente que se pode imaginar!
É que o desgraçado, já enforcado pelo laço, suportava ainda enganchado no pescoço, o maldito carrasco, agindo com as mãos e fazendo força sobre os ombros do asfixiado, até que este pesasse meio palmo de língua para fora.
Consumada a cena, o carrasco cortava a corda, caindo ao solo o desgraçado, cujo cadáver era conduzido pelos presos da cadeia ao Cemitério do Burgalhau, hoje desaparecido.
Excusado é dizer que a banda de música, ao regressar de nefanda e burlesca tragédia, punha-se a tocar dobrados alegres!...
O último enforcamento que se verificou em Diamantina, foi em 1849, há mais de 90 anos.
Um episódio se deu, por ocasião desse último enforcamento. É que, no ato de ser enforcado o desgraçado, a corda arrebentou, e houve quem se prontificasse a vir buscar, na cidade, nova corda, para o suplício do infeliz.
Reis, Xisto, VD., pág. 3, nº 24, 1947.
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