quarta-feira, 20 de abril de 2011

Chica da Silva cantada em samba enredo

Fonte: Saul Moreira, no Micuim

[…] deparei-me, no livro O Carnaval Carioca Através da Música, de Edigar de Alencar, herdado do Dr. Adalmo, com o samba de enredo Chica da Silva, da escola campeã do ano de 1963 – Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro.

Diz o autor: As escolas de samba, que de ano para ano mais espetaculares se apresentam nos desfiles oficiais da Avenida Presidente Vargas, nesse carnaval excedem a tudo quanto fora visto anteriormente; até minueto foi dançado em ritmo de samba! E a escola campeã _ Acadêmicos do Salgueiro – apresentou um samba-enredo que ficou. De tão cantado e executado muita gente o decorou, embora a sua extensão e a sua melodia quase operística, como já qualificara Almirante os sambas desse gênero…

O enredo escolhido pelo Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro era CHICA DA SILVA, que dava nome ao bonito samba, de Anescar e Noel Rosa de Oliveira (observo: não confundir esse Noel, do Salgueiro, com o da Vila Isabel):

Apesar…

De não possuir grande beleza

Chica da Silva

Surgiu no seio

Da mais alta nobreza

O contratador

João Fernandes de Oliveira

A comprou

Para ser sua companheira

E a mulata que era escrava

Sentiu forte transformação

Trocando o gemido da senzala

Pela fidalguia do salão

Com a influência e o poder do seu amor

Que superou

A barreira da cor

Francisca da Silva

Do cativeiro zombou ô ô ô

No Arraial do Tijuco

Lá no Estado de Minas

Hoje lendária cidade

Seu lindo nome é Diamantina

Onde viveu a Chica que manda

Deslumbrando a sociedade

Com o orgulho e o capricho da mulata

Importante majestosa e invejada

Para que a vida lhe tornasse mais bela

João Fernandes de Oliveira

Mandou construir

Um vasto lago e uma belíssima galera

E uma riquíssima liteira

Para conduzi-la

Quando ia assistir

À missa na Capela.

 

Quase um “Samba do Crioulo Doido” – Rei da Costa do Marfim visitando Dtina.? Mas em arte popular vale, claro!

Samba-Enredo 1983 Imperatriz Leopoldinense

O REI DA COSTA DO MARFIM VISITA XICA DA SILVA EM DIAMANTINA

As festas… “da Chica que manda”
Deslumbravam a sociedade do local
Diamantina era uma flor
De amor sem preconceito ou ritual
No castelo da palha
Dava gosto de se ver
Aquela que já foi escrava
Demonstrava o valor do poder

O amor lhe deu tesouros
Que vivia pra gastar (bis)
Dos gemidos da senzala
Nem queria recordar

Esta negra caprichosa
Convidou o rei da Costa do Marfim
E o recebeu de forma suntuosa
Que a festa parecia não ter fim
A nobreza esqueceu os preconceitos
Irmanada com o povo festejou
Parecia que a liberdade sonhada
Se fez convidada e se apresentou
Só Minas Gerais, só Minas Gerais…

Poderia ser o palco desta história
Que gravei na memória (bis)
E o tempo não desfaz

A melodia aqui

Um comentário:

  1. Particularmente sou um fã incondicional das escolas de samba. O carnaval que elas fazem é criativo, um mundo de fantasia onde juntar, misturar e criar resulta em uma rica cultura com pomposas fantasias, belos enredos e ótimos sambas.

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