Fonte: Saul Moreira, no Micuim
[…] deparei-me, no livro O Carnaval Carioca Através da Música, de Edigar de Alencar, herdado do Dr. Adalmo, com o samba de enredo Chica da Silva, da escola campeã do ano de 1963 – Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro.
Diz o autor: As escolas de samba, que de ano para ano mais espetaculares se apresentam nos desfiles oficiais da Avenida Presidente Vargas, nesse carnaval excedem a tudo quanto fora visto anteriormente; até minueto foi dançado em ritmo de samba! E a escola campeã _ Acadêmicos do Salgueiro – apresentou um samba-enredo que ficou. De tão cantado e executado muita gente o decorou, embora a sua extensão e a sua melodia quase operística, como já qualificara Almirante os sambas desse gênero…
O enredo escolhido pelo Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro era CHICA DA SILVA, que dava nome ao bonito samba, de Anescar e Noel Rosa de Oliveira (observo: não confundir esse Noel, do Salgueiro, com o da Vila Isabel):
Apesar…
De não possuir grande beleza
Chica da Silva
Surgiu no seio
Da mais alta nobreza
O contratador
João Fernandes de Oliveira
A comprou
Para ser sua companheira
E a mulata que era escrava
Sentiu forte transformação
Trocando o gemido da senzala
Pela fidalguia do salão
Com a influência e o poder do seu amor
Que superou
A barreira da cor
Francisca da Silva
Do cativeiro zombou ô ô ô
No Arraial do Tijuco
Lá no Estado de Minas
Hoje lendária cidade
Seu lindo nome é Diamantina
Onde viveu a Chica que manda
Deslumbrando a sociedade
Com o orgulho e o capricho da mulata
Importante majestosa e invejada
Para que a vida lhe tornasse mais bela
João Fernandes de Oliveira
Mandou construir
Um vasto lago e uma belíssima galera
E uma riquíssima liteira
Para conduzi-la
Quando ia assistir
À missa na Capela.
Quase um “Samba do Crioulo Doido” – Rei da Costa do Marfim visitando Dtina.? Mas em arte popular vale, claro!
Samba-Enredo 1983 Imperatriz Leopoldinense
O REI DA COSTA DO MARFIM VISITA XICA DA SILVA EM DIAMANTINA
As festas… “da Chica que manda”
Deslumbravam a sociedade do local
Diamantina era uma flor
De amor sem preconceito ou ritual
No castelo da palha
Dava gosto de se ver
Aquela que já foi escrava
Demonstrava o valor do poder
O amor lhe deu tesouros
Que vivia pra gastar (bis)
Dos gemidos da senzala
Nem queria recordar
Esta negra caprichosa
Convidou o rei da Costa do Marfim
E o recebeu de forma suntuosa
Que a festa parecia não ter fim
A nobreza esqueceu os preconceitos
Irmanada com o povo festejou
Parecia que a liberdade sonhada
Se fez convidada e se apresentou
Só Minas Gerais, só Minas Gerais…
Poderia ser o palco desta história
Que gravei na memória (bis)
E o tempo não desfaz
Particularmente sou um fã incondicional das escolas de samba. O carnaval que elas fazem é criativo, um mundo de fantasia onde juntar, misturar e criar resulta em uma rica cultura com pomposas fantasias, belos enredos e ótimos sambas.
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