Fonte: UFMG
Na próxima semana, entre 21 e 28 de julho, acontece em Diamantina o 45º Festival de Inverno da UFMG. O evento mantém o conceito de bem comum como tema e busca, de modo ainda mais intenso, a circulação não hierarquizada de saberes e experiências a serem vivenciadas pelos participantes do Festival e moradores da cidade.
Para montar sua programação, o Festival tomou emprestada a noção de “coletivo” empregada por grupos artísticos que atuam de forma colaborativa. Haverá quatro grandes coletivos – Margens e arredores da cidade; Cantares afro-brasileiros; Cineastas indígenas; e Imagens do bem comum: territórios e retratos – que vão reunir 20 atividades na parte da manhã, entre 9h e 13h, de segunda a sexta. Toda a programação é gratuita.
Já na manhã de sábado, dia 27, os participantes serão convidados para uma Caminhada pelas margens do Rio Grande. O domingo, dia 28, começa com o Cortejo das Guardas do Rosário, e um desfile de blocos de carnaval encerrará o Festival.
O evento também contará com as chamadas Itinerâncias – sete ao todo –, sempre no início da tarde, a partir de 15h. O professor César Guimarães, do Departamento de Comunicação Social, coordenador-geral do Festival desde o ano passado, explica que as Itinerâncias são resultado de uma proposta de condensação e descentralização da programação: “Queremos que o Festival alcance outros espaços, que ele não fique circunscrito ao centro histórico de Diamantina, tradicionalmente reservado às manifestações artísticas destinadas a um público já formado. Desejamos que outras pessoas venham experimentar o Festival”.
Com as Itinerâncias, as atividades serão levadas cada dia a um bairro de Diamantina. “Apesar dessa mudança no formato da programação em relação ao ano passado, não abrimos mão do método que inventamos”, comenta o professor.
Na esteira das Itinerâncias, haverá apresentações artísticas – duas por noite, em diferentes espaços da cidade, de segunda a sábado, às 20 e às 21h. E essa programação também vai se dar de forma descentralizada, para atingir toda a comunidade. As atrações noturnas poderão, inclusive, acontecer nos próprios locais que receberem a Itinerância.
Nas tardes de segunda e terça-feira, dias 22 e 23, haverá ainda a exibição de dois documentários Martírio, de Vincent Carelli, e A cidade é uma só?, de Adirley Queiroz. A programação completa pode ser conferida no site do evento: http://45festivalufmg.wordpress.com.
Experimentar o comum
Sem desconhecer as desigualdades que fraturam a vida social, o Festival propicia uma experiência partilhada de saberes (como aqueles provenientes das culturas indígenas e afro-brasileiras) e das múltiplas formas de vida que o espaço urbano abriga, em especial as que tensionam a divisão entre centro e periferia.
Para César Guimarães, o novo desenho da programação se empenha em dar uma forma ao comum, procurando romper com as divisões que separam os saberes acadêmico e tradicional, inaugurando, assim, novos campos de experiência sensível.
“Como atividade de extensão, o Festival procura fazer com que a Universidade se torne espaço de hospitalidade capaz de acolher as múltiplas formas de invenção da cultura, sem circunscrevê-las unicamente ao universo das artes e das letras que por tanto tempo definiram sua identidade”, afirma o professor.
Segundo Guimarães, a programação do evento tem caráter “variado e polifônico”. “Experimentar o comumpode se dar nas manifestações expressivas do hip hop, na escuta dos cantos e dos ritmos afro-brasileiros, nas práticas culinárias de uma cooperativa de cozinheiras, na troca de mudas e sementes entre os habitantes de um bairro, nas reivindicações pela despoluição de um rio, na fruição das imagens e dos sons criados pelos cineastas indígenas, na produção de imagens que registram as maneiras diversificadas de povoar o espaço urbano”, enumera, citando atividades que serão desenvolvidas ao longo do Festival.
Nenhum comentário:
Postar um comentário