Neste mês de julho, mais precisamente na próxima terça-feira, dia 16, comemoraremos os 100 anos de padre Celso, lembrando, com imorredoura saudade e merecida reverência, esse curvelano de nascimento, mas diamantinense de coração, de vida, de vocação, de ministério sacerdotal (62 anos), de magistério, de inspiração de tantos e tão belos versos. Ele mesmo escreveu: “Fiz de Diamantina minha segunda terra-mãe. Que fazer, agora, senão cantá-la e amá-la?”
Reconhecidamente, foi-lhe concedida pela Câmara Municipal a honraria de “Cidadão Diamantinense” e, pela Academia de Letras e Artes de Diamantina, além das Palmas Acadêmicas, tornou-se o Imortal Patrono da cadeira número 20, por mim escolhido, ao ocupá-la, com muita honra como acadêmica na Alad.
Padre Celso aqui viveu a maior parte dos 87 anos que Deus lhe concedeu, residindo no Seminário do Sagrado Coração, para onde veio aos 14 anos de idade (esteve ausente o tempo em que estudou em Roma, onde foi ordenado sacerdote) e, falecendo em 17 de setembro de 2000, teve seu corpo sepultado (conforme o desejo que expressara) na Cripta da Basílica. Em total dedicação ao sacerdócio como teólogo, filósofo, professor, ele exerceu várias e diferentes funções que lhe foram designadas pelos arcebispos da nossa arquidiocese, sempre acatando com amorosa obediência, humildade e indiscutível eficiência. A inspiração poética que se manifestou desde sua juventude fez dele o incomparável e imortal poeta-trovador que cantou a vida, o amor, a saudade (ah! como distinguiu e definiu a saudade em suas trovas!). Cantou esta cidade, sua história, sua gente, suas escolas, suas igrejas, sua seresta, estas ruas serpeantes... Em cada verso colocou espiritualidade, fé ardorosa, sensibilidade, humor, perspicácia, espontaneidade, conhecimento, privilegiada criatividade para dizer “aquilo que outras pessoas desejariam dizer e talvez não consigam, mas o poeta consegue, porque o poeta é uma espécie de porta-voz dos outros”.
Padre Celso continua vivo e presente em sua obra filosófica, literária, poética, que não é vasta, mas valorosa. Vivo e presente na lembrança querida e amada dos nossos corações cheios de doces e eternas saudades. Toda Diamantina, cada pessoa que o conheceu, que com ele conviveu, que teve a alegria de desfrutar da sua amizade vai querer render-lhe esse preito de gratidão, reconhecimento e amor. Nada mais justo que nos unirmos numa homenagem que festeje e aplauda a vida, os feitos, a figura do inesquecível padre Celso ,plenos da riqueza da tantos dons preciosos que o Senhor lhe confiou e que ele multiplicou, partilhou e compartilhou com tamanha simplicidade, modéstia, discrição. Embora cheio de sabedoria, foi sempre muito reservado para falar de si e de seus escritos e composições.
Padre Celso foi o diamante de maior quilate cravado nesta terra diamantina, o sol que (mesmo no poente) sempre brilhou para cada um de nós e ainda aquece nossas almas com sua lembrança viva que ficou. Recitemos suas trovas, seus poemas... Cantemos “Diamantina em Serenata” que ele, junto com Lícia Pádua, compôs tão lindamente, tornando-se o hino da seresta diamantinense, e outras lindas poesias que se tornaram canções com músicas de Fabiano Pimenta, Conceição Reis, Edison Soares, Fernando Reis e tantos outros. Este tesouro não pode ficar guardado, para que padre Celso seja sempre lembrado e presente e para que os que não o conheceram, principalmente as novas gerações, possam ter o privilégio de reconhecê-lo como “lenda viva da nossa cultura”, patrimônio da nossa história, talento grandioso eternizado no tempo e na memória.
Carinho,enlevo,doçura,
Gratidão, suavidade,
Recordação e ternura
- Irmãos da minha saudade.
(Padre Celso de Carvalho)
Maria Célia Cavalcanti Gonçalves
Programa do Centenário de Nascimento de Padre Celso de Carvalho
Dia 16 de julho, terça-feira
Às 19h: missa na Igreja do Carmo
Às 21h: exposição e sarau sobre a vida de padre Celso no Teatro Santa Isabel
A seguir, seresta por “estas ruas serpeantes”
Voz de Diamantina - Edição 622 - 13/07/2013
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