Autor: Claudio Rocha
Sabemos que “de nada adianta chorar pelo leite derramado”. Mas precisamos aprender com o erro. A dança da galera poderia ser nossa, se houvéssemos nos mobilizado mais. Encher a praça não garante voto. Segundo as regras do jogo, o voto é garantido através ligação para o número indicado, por mensagem de texto e pela internet, cujos dados são fornecidos durante o Programa. Não antes. Foi onde perdemos. Apesar da questionável edição final, pois não deu ao telespectador a melhor noção do contexto da apresentação, privilegiando detalhes dos deslocamentos (correria) quando poderia mostrar mais imagens aéreas do conjunto, ainda assim Diamantina ganhou no único voto realmente independente, que foi da platéia presente no palco do Domingão do Faustão. Ora, quem se propôs a votar no curto espaço de tempo disponibilizado pela emissora foi porque já estava preparado para fazê-lo. Já tinha escolhido a sua cidade. E votaria independente da avaliação meritória da apresentação. Aprendamos, pois, a respeitar as regras, porque “não se ganha jogo de véspera”. Da minha parte, dei meu suor nos ensaios, procurei fazer o melhor nas gravações, mobilizei os amigos, votei na enquete preparatória e tolerei o programa até votar, o máximo de vezes que pude, tanto pela internet quanto pelo celular. Tudo por Diamantina. E você fez a sua parte? Terá nova oportunidade nas eleições de novembro outubro próximo.
What?
ResponderExcluirPerdi alguma coisa produção?
O que a dança do Faustão tem a ver com as eleições de novembro?...
November? Mudaram o calendário eleitoral?
Sensacionalismo tendencioso.
Creio que Diamantina não levou o 1º prêmio da Dança da Galera, principalmente por ter sido desfavorecida na edição de imagens. Tinham de ter colocado a música ao fundo das imagens e não ter deixado os dançarinos que se empenharam tanto, cantando à capela. Além disso, parece que a Daniele Suzuki e o Faustão passaram para todo o Brasil a imagem de uma Diamantina rica, como se todo o diamante que aqui foi extraído, ainda estivesse guardado nos baús das famílias diamantinenses e sustentando a economia da cidade. Talvez o público brasileiro, os 18 pontos de audiência que o Faustão teve ontem, tenham achado que Aracati merecesse mais o prêmio. Parabéns aos que se empenharam e contribuíram para a apresentação.
ResponderExcluirOtávio,
ResponderExcluirObrigado pela manifestação de sua opinião. Em princípio não tem muita ligação as duas coisas. Porém, de forma bem sutil, inteligente e respeitosa o autor levanta uma questão para pensarmos: por que nosso povo não se mobiliza e envolve com a mesma intensidade para as questões políticas que nos cercam? Inté+
Meu povo, aquilo tudo foi só teatro televisionado. Não é a televisão, uma novela ou um programa de auditório que incutirá consciência nas cabecinhas vazias de Diamantina. Já falei aqui outrora e volto a repetir: o grande problema de Diamantina é o nível das relações sociais, presas ao passado colonial e que ainda não se libertou em direção a uma revolução social, cultural e comportamental na cidade e região. Existe pobreza e riqueza de todas formas, mas a pobreza que impera na cidade é a pobreza de espírito que desmobiliza as pessoas e os cidadãos para qualquer ação efetiva. Ela é capaz de reunir alguns milhares na praça do mercado velho a fim de serem vistos na televisão, mas incapaz de compor um movimento de derrubada do ethos vigente. Diamantina é sim uma cidade rica (ao contrário do que Fernando Oliveira disse), mas essa riqueza se concentra de forma insidiosa nas mãos de algumas famílias que desde os tempos da Chica mandam e desmandam nessa cidade. E ao se colocarem como donatários da vila também sentem-se no direito de serem proprietários da consciência pública. Já pararam para pensar? Onde mora a desobediência civil? Em qual viela, alameda ou beco ela reside? Eu sei: soterrada, abaixo das pedras do calçamento sinuoso da cidade. Calada, silenciosa, morta... Nessas horas, só me lembro da indignação poética do poeta gaúcho Mario Quintana: "ai essa gente feia e burra que não morre nunca". Esperamos que as novas gerações enterrem os velhos tijucanos dos tempos coloniais; que os jovens virem às costas para as covas onde os velhos putrefatos forem enterrados. Pois, somente assim poderemos imaginar um novo futuro nessa cidade. Como isso acontecerá? Não será nem com Faustão, nem com eleição. Mas na cabeça de cada cidadão, hoje degolado pelo passado, na lâmina de uma guilhotina que no despencar perene evoca a memória do medo, do fracasso e da resignação. Se assim continuar, assim sempre vai ser. Nada pode mudar se nada for mudado.
ResponderExcluirEita, Pedroca !!!
ResponderExcluirTá inspirado hoje. Isso não é um comentário, mas sim uma tese sociológica. Como sempre, cortante e profundo na análise. Mais uma vez, obrigado pela contribuição.
Não moro em Diamantina, mas adoro essa cidade. Assisti o programa do Chatão ontem só pra ver Diamantina bailar. Também tive a impressão de que a edição favoreceu e muito Aracati. MAs o prêmio ficou em boas mãos também, sem com isso querer dizer que Diamantina não mereça. Interessante ver que a dança gerou todo esse debate sobre os rumos da cidade.
ResponderExcluirsaudações,
Lia
Nao concordo, em partes com as opiniões do Pedroca do Tijuco. Pensar que temos que esperar as pessoas morrerem libertação de uma cidade? Estamos no estado demovrático de direito e é livro a manifestação do pensamento, etc e tal, não vivemos aqui uma ditadura. Não há tantas famílias ricas em Diamantina,algumas até se acham ricas, mas será que são?
ResponderExcluirÉ interessante como algumas pessoas que se dizem sociólogos, filósofos, se comportam. Normalmente não fazem absolutamente nada, na prática, apenas nas teorias e nas idéias que chegam a ser verdadeiras viagens ( na maionese)
Nem é bem assim Pedroca, contudo tenho que concordar com você que não é nesta eleição que vamos mudar.
Meus amigos, não sei porque vocês me rotulam de sociólogo, filósofo, teólogo, curandeiro ou coisas do gênero. De qualquer forma, agradeço as palavras do Gripp. E curioso como aqueles que não têm argumento para defender suas posições (tal como o sujeito denominado "anônimo"), iniciam sua exposição desdenhando o outro, a visão que o outro tem do mundo - obviamente, diferente da sua própria. Mas não volto a este post para realizar análise da psique dos debatedores. Volto, sim, a um argumento central do "anônimo" que diz: "Estamos no estado democrático de direito e é livre a manifestação do pensamento, etc e tal, não vivemos aqui uma ditadura". Por acaso o amigo nunca ouviu falar em "democracia autoritária"? Parece-lhe um paradoxo? Sim, e se trata de um paradoxo assim como parece ser Diamantina. Um lugar onde se evoca a democracia (sobretudo a representativa) para ilustrar a liberdade de participação dos cidadãos tijucanos. Note-se: "ilustrar" a liberdade, mas não realizá-la plenamente. Não somente Diamantina, mas em inúmeros outros rincões desse país, o que vale na política, bem como no espaço público, em geral, é a manutenção de lógicas e dinâmicas seculares que favorecem a perpertuação de determinadas famílias no poder (sejam elas pobres ou ricas). Mantém também, o que é pior, a perenização uma determinada "ordem natural das coisas" que impossibilita qualquer manifestação contrária e indócil. Um tipo de domesticação social, uma dominação travestida com as vestes sensuais da democracia, capaz, inclusive, de falar em nome da liberdade enquanto se calam as bocas dissonantes. Viver em Diamantina é experimentar este ethos, de compartilhar de um espírito que perpassa todas as classes sociais tijucanas indistintamente: a de que temos que explorar tudo o que podemos - tal como numa lavra rica em pedras de diamantes e pepitas de ouro - e e dominar com a legitimadade liberal do princípio de liberdade. Ora, somos livres sim para viver, enriquecer, usar e abusar das benesses do capitalismo. Mas essa liberdade é individual e não pertence à coletividade; ela é egoísta e não diz respeito à democracia; ela é solitária e nada tem a ver com solidariedade. Essa liberdade podre, corroída, comiserada apenas reflete os limites de uma mentalidade que não consegue ver no paradoxo (anteriormente mencionado) um momento para reflexão e auto conscientização. Pelo contrário, as pessoas preferem a comodidade de suas poltronas e o conforto de suas crenças que, via de regra, só servem de consolo INDIVIDUAL e garantir aos crédulos que todos merecem uma porcaria de paraíso celeste. Eu não quero essa liberdade, essa democracia que me impede de "formular teorias que chegam a ser verdadeiras viagens" (como afirma o nosso amigo "anônimo"). Eu quero acreditar que antes de ser isso uma teoria, que isso seja um desejo, um sonho, uma quimera. Que as pessoas tenham direito de sonhar e desejar um mundo melhor a partir desse princípio em que todos têm as mesmas condições de participação. Como disse, certa vez, Antonio Skarmeta: "qual o sentido da poesia? O delirio, o sonho. Sem eles, certamente o mundo seria muito chato". E se sou culpado de não fazer nada (segundo nosso amigo anônimo), melhor assim. Pior é fazer com que o outro deixe de fazer algo.
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