Autor: Wander da Conceição – publicado no Blog GIED (clique aqui)
A jovem Maria, menina adolescente, certo dia se perdeu. Desonrou a família, ganhou a sarjeta. Sem piedade! Sem compaixão! Subiu no lombo de um burro, desapareceu...
Junto ao mourejar dos tropeiros em busca das mercadorias importadas, desembarcou no braço final da Estrada de Ferro Central do Brasil.
Recolheu-se em uma pensão, que era do Beco do Motta, que era do Grande Empório do Norte, que era de João Francisco da Motta, que era da rua da Quitanda, que era de Diamantina, que era grande centro cultural, que era pólo administrativo-financeiro do norte e nordeste de Minas Gerais.
Maria foi recebida com flores e música no Cabaré. Escutou as serenatas. Aprendeu a dançar Tango, Bolero, Valsa. Ganhou carteirinha da Saúde Pública, ganhou exame médico periódico e ganhou as esquinas cruzadas dos becos do Alecrim e do Motta como limite da vida. Achou-se...
Trocou a sarjeta pela segurança ardilosa de um covil: um lugar misterioso, velado pelos fantasmas da maldição. O sofrimento calou a voz de Maria, mas o rumor do soluço abafado de seu pranto ainda retumba no silêncio das pedras do Beco, durante as madrugadas de lua cheia, em forma de manifesto:
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