quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O Festival, Vicente Mulecão e Eu

Autor: Harlen Quarante, blog do Zé de Diamantina

Foi na manhã desta última quarta feira, 27 de julho, logo depois daquela maré de frio escaldante que nos assolou, que o sol nos brindou com um dia ensolarado e quente.

Eu, de férias não poderia deixar de dar aquela saidinha ali pelo centro da cidade onde diamantinenses e turistas se misturavam pelas ruas, praças e becos da nossa velha cidade, que nesta época se transforma em um grande festival e o seu cenário em uma explosão de cultura.

Depois subi até o Largo Dom João, e foi lá que sentado em um banquinho encontrei o Vicente Mulecão. Logicamente me assentei com ele. Sempre sorridente, logo lembrou histórias do meu falecido pai (Estevam Quaranta), quando eles jogavam pelada ali no Largo e no Morro Vermelho, contou que o meu pai foi um dos maiores jogadores destas peladas, o comparou com “Danilo” jogador do Vasco na época em que o Vasco foi campeão brasileiro, sob o titulo “Vasco campeão, super campeão”.

“O seu pai era magro e alto, tinha a mesma habilidade, classe e elegância do Danilo, e ainda chutava fortíssimo sem tomar distância” disse ele, encenando a jogada.

Segundo ele, os dirigentes do “Tijuco”, clube de futebol da época aqui em Diamantina, não se cansavam de aliciar o meu pai. “Mas seu pai era muito sistemático, não vestia short, só jogava de calça comprida e de botina, camisa social abotoada até o pescoço”.

Por isto a resistência de se filiar a algum time.

Mudamos de assunto e perguntei por uma de suas filhas, a Helena, minha contemporânea, logo seu semblante mudou para dor com tristeza no olhar, eu não sabia mas a Helena havia falecido tragicamente, apesar de sua dor, mesmo assim ele me relatou o acontecido.

Daí o aticei das suas conquistas, “você foi um homem de várias mulheres, qual o segredo disto?”, o sorriso volta, com um olhar sereno e satisfeito. Me contou que sempre se vestiu bem, que teve três ternos alinhadissimos, comprados na loja do Zé Miranda e que teve um topete muito dos arrumados (o conjunto da obra era um must) e que apesar dos filhos e todos estes relacionamentos nunca havia se casado.

Nesta altura, vários conhecidos nossos já haviam parado pelo banquinho, porém somente o Vicente e eu permanecemos naquela prosa.

Mas a hora do almoço chegou e nos despedimos, porém, se Deus quiser, ainda vamos nos encontrar em outros banquinhos por aí.

E pro festival fica a sugestão à sua coordenação de abrir um espaço pros “Vicentes” contarem histórias da nossa velha Diamantina.

Nenhum comentário:

Postar um comentário