sexta-feira, 22 de julho de 2011

Pavimentação da BR-367 fica só na promessa

Fonte: Estado de Minas - Luiz Ribeiro - Publicação: 20/07/2011 06:00 Atualização: 20/07/2011 07:58

As obras de pavimentação da BR-367, que liga o Vale do Jequitinhonha a Belo Horizonte e ao Sul da Bahia, foram iniciadas há 35 anos, mas nunca terminaram. Em visita à região, em fevereiro de 2010, na inauguração de uma barragem em Jenipapo de Minas, a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, prometeu que concluiria os cerca de 60 quilômetros da rodovia ainda não pavimentados, divididos em dois trechos. Até hoje, porém, a obra continua sendo uma promessa. Além de trechos em péssimas condições, os motoristas que percorrem a BR-367 enfrentam o perigo em sete pontes de madeira no percurso de terra de entre Almenara e Salto da Divisa.

Os moradores da região reclamam que as denúncias sobre corrupção no Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit) complicaram ainda mais a situação. “A gente estava com a expectativa de que as obras fossem retomadas. Mas, com a confusão no Dnit, tudo voltou para a estaca zero”, lamenta Hélio Amorim Rocha, diretor do Sindicato dos Trabalhadores no Transporte Rodoviário do Norte de Minas, que mora em Montes Claros, mas usa constantemente a BR-367 para viajar para Almenara, sua terra natal. Segundo ele, a rodovia está parada “por causa da omissão do governo federal”. As obras que faltam para terminar o asfaltamento estão orçadas em R$ 300 milhões, diz Amorim. Ao todo, a rodovia tem cerca de 740 quilômetros, indo até Porto Seguro (BA).

A BR-367 começa em Diamantina e está pavimentada num percurso de cerca de 280 quilômetros até Minas Novas. Em seguida, há um trecho de terra de 60 quilômetros até Virgem da Lapa (passando por Chapada do Norte e Berilo). De Virgem da Lapa até Almenara a estrada é asfaltada (passando por Araçuaí, Itinga, Itaobim e Jequitinhonha). Depois, existem mais 60 quilômetros ainda não pavimentados até Salto da Divisa.

Campanha
Em Almenara, a população de 37 mil habitantesd iniciou uma campanha de mobilização para o reinício dos serviços da BR-367. Uma das líderes da campanha, a moradora Nalva Reis, disse que, durante duas décadas, a concessão das obras da estrada ficou sob responsabilidade de uma empreiteira, que acabou emperrando os serviços, pois ficou impedida de receber recursos públicos devido à Certidão Negativa de Débito (CND) junto ao governo federal. “Por causa dos problemas da empreiteira, as obras ficaram praticamente paradas durante 20 anos”, informa Nalva.

A moradora disse ainda que, após a promessa de Lula e Dilma, feita em Jenipapo de Minas, foi assinado um convênio, pelo qual o Dnit transferiu para o Departamento Estadual de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) a atribuição de fazer os estudos técnicos para o término dos dois trechos ainda não pavimentados da BR-367. O valor do convênio foi de R$ 9,7 milhões, devendo o Dnit liberar R$ 7 milhões para o órgão estadual, responsável pelos outros R$ 2,7 milhões. Segundo Nalva, o Dnit teria liberado os recursos, mas o DER-MG não realizou os estudos a tempo e o prazo de vigência terminou. Por isso, a responsabilidade dos trabalhos retornou para o Dnit. Nessa terça-feira, a reportagem tentou, mas não conseguiu contato com os setores responsáveis do Dnit e do DER-MG para obter esclarecimentos a respeito. “Todo o desenvolvimento do Vale do Jequitinhonha está emperrado por causa da BR-367”, reclama Nalva Reis.

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