Série de reportagens de O TEMPO, na semana passada, exibiu os efeitos de um grande projeto de exploração mineral no Brasil, a partir de um garimpo na localidade de Areinha, situada a 80 quilômetros de Diamantina, na região do Alto Jequitinhonha.
A extração mineral na região remonta ao século XVI, quando nasceu o arraial do Tijuco. No seu apogeu, o diamante inclusive deu nome à cidade. A exploração esteve sob controle da Coroa portuguesa até o Império, quando a lavra foi franqueada a particulares.
Os garimpeiros viveram da atividade até os anos 1960. Com seus recursos rudimentares, devem ter produzido muitos danos ao meio ambiente. Nada que se compare, porém, com o que veio depois, quando o governo deu o direito de lavra a grandes empresas.
Primeiro, chegou uma multinacional, que com dragas do tamanho de um edifício cavucou o leito do rio Jequitinhonha, em toda a sua extensão, durante quatro décadas. Em seguida, outra mineradora, esta nacional, ficou mais 20 anos na região.
As duas empresas só abandonaram a exploração quando ela se tornou antieconômica. Durante todo o tempo, no entanto, os garimpeiros foram impedidos de exercer a atividade em 110 km do rio. Homens rudes, sem instrução, era a única coisa que sabiam fazer.
Com a retirada das empresas, eles voltaram a trabalhar, buscando ouro e diamante no que restou. A economia da cidade sentiu sua presença. A criminalidade decresceu. A esperança voltou a iluminar os rostos de homens que sonham achar a pedra da riqueza.
O episódio condena o modelo de desenvolvimento predatório que prosperou no país sobretudo durante o regime militar. O que o país ganhou? Nada. O prejuízo ambiental, social e humano é irreparável. O Estado brasileiro não foi omisso, foi corresponsável.
Houve, na realidade, um crime. Um crime de lesa-pátria.
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