Fonte: Tarifa Zero – Texto publicado no dia 18/07/2012.
É uma experiência temporária. Começou nesta segunda, dia 16 de julho, e vai durar apenas dez dias, durante a realização do 44º Festival de Inverno da UFMG, que neste ano tem como tema “O Bem Comum”. Ainda que curta, essa experiência mostra, na prática, que o transporte público pode funcionar de maneira totalmente diferente.
Na cidade de Diamantina, Minas Gerais, o serviço de transporte é extremamente precário, como ocorre em várias cidades brasileiras. Aqui quase não há ônibus – dizem que há, mas é possível passar horas de pé num ponto sem ver nenhum ônibus passar. Diante dessa situação e inspirados nas ideias de Lúcio Gregori como secretário de Transportes em São Paulo, no começo dos anos 1990, os professores dos cursos de Arquitetura e de Design da UFMG Roberto Andrés e Wellington Cançado (apelidado como Low), criaram um pequeno sistema de transporte alternativo para funcionar durante os dias de festival.
Dois micro-ônibus de 27 lugares e duas vans de 14 lugres, cedidos pela universidade. Os veículos fazem um trajeto circular todos os dias, entre 8h e 19h, passando a cada trinta minutos por nove pontos estratégicos da cidade, sem cobrar nada por sua utilização. Todos os pontos possuem um mapa com o trajeto do ônibus, seus pontos de parada e uma tabela com os horários em que os ônibus passam em cada ponto. Esse mesmo material informativo foi largamente distribuído e cada um de nós pode tirar essa tabela do bolso a qualquer momento e se programar para pegar o próximo ônibus. O mais bacana é que todo esse sistema precisou de apenas um dia para funcionar: Low e Roberto fizeram o trajeto algumas vezes com os motoristas, calcularam os tempos de percurso e de parada, e montaram a tabela.
Quando eles apresentaram a ideia algumas pessoas estranharam e disseram coisas como “Mas vai poder entrar todo mundo?” “Vai ter que usar crachá do festival?” “Se for de graça vai encher e vai ficar todo mundo andando o dia inteiro por aí!”. Não por acaso, esses comentários são bem parecidos com as críticas que Lúcio e equipe ouviram ao propor a gratuidade na cidade de São Paulo. Na prática, até o momento a maior parte dos usuários são as pessoas que vieram para Diamantina especialmente para participar do festival e que realizam trajetos curtos (como subir uma ladeira), mas aos poucos a população local está aproveitando o sistema. Os irmãos Luan e Lucas e seu amigo Raimundo, moradores do bairro Palha, periferia de Diamantina, são os mais animados usuários. Estão indo para partes da cidade onde não costumam ir e chegam a passar horas circulando, demonstrando que deslocamento pode sim ser lugar também (e não apenas a passagem de um ponto a outro).
Clique aqui para saber mais sobre essa experiência e a proposta do Tarifa Zero.
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